O globo, n.30874 , 16/02/2018. ECONOMIA, p.19

Previdência vai prever transição para servidor

 

 

Governo incluirá concessões em emenda ao texto aprovado em comissão

Governo vai incluir concessões em emenda ao texto aprovado em comissão. Discussão pode começar na terça A estratégia do governo para conseguir aprovar a reforma da Previdência é apresentar e começar a discutir, já na próxima terça-feira, emenda ao texto aprovado na comissão especial da Câmara em maio do ano passado, mesmo sem os votos necessários. Segundo uma fonte da equipe econômica, deverão ser incluídas duas concessões: regra de transição para os servidores que ingressaram até 2003, para que eles possam se aposentar com integralidade (último salário da carreira) e paridade (reajustes iguais ao dos ativos); e acumulação de benefícios (aposentadoria e pensão) até o teto do INSS (em R$ 5.645).

Para os funcionários públicos, a transição prevê uma escadinha — que começa com a idade mínima atual de 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres). A partir de 2020, as idades vão subir um ano a cada dois anos, de forma que os homens cheguem aos 65 anos exigidos em 2028, e as mulheres, em 2032. Pela proposta atual, eles teriam de atingir os 65/62 anos imediatamente após a aprovação da reforma para ter direito à integralidade e à paridade. Agora, terão dez anos a mais para homens e 14 anos a mais para mulheres. A medida poderá beneficiar 300 mil funcionários da União. Não estão nesta conta servidores estaduais e municipais.

O assunto foi discutido, ontem, entre o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e a equipe econômica. Segundo essa fonte, as mudanças trazem votos favoráveis à reforma. A acumulação de benefícios até o teto do INSS daria um apoio ainda maior. O limite previsto na proposta atual é de dois salários mínimos.

— O governo tem que mexer e vai começar as discussões antes mesmo de ter os votos suficientes. A avaliação é que essas duas modificações ajudam um pouco — disse a fonte.

 

GOVERNO DESCARTA FUNDO

O governo está ciente da determinação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de só pautar a matéria no dia 28 se houver os votos necessários. Mas a intenção é colher o número de assinaturas necessárias à apresentação da emenda aglutinativa pelos partidos da base na terça-feira e, em seguida, a leitura do texto, mesmo sem ter garantia de que a reforma será votada.

Após se reunir com Maia, o ministro Marun disse que faltam 40 votos e que o governo tem esperança de que, a partir do início das discussões, vai conseguir quórum de 308 votos. Segundo ele, o prazo-limite é fevereiro.

Além das duas concessões, o texto final da reforma prevê pensão integral às famílias de policiais federais mortos em serviço e outras modificações negociadas com o Congresso, como tempo mínimo de contribuição de 15 anos para os trabalhadores do setor privado que se aposentarem por idade. A equipe econômica descarta a criação de fundo para enfrentar o desequilíbrio dos regimes estaduais. O argumento é que isso dificultaria o debate, além da falta de recursos.