O Estado de São Paulo, n. 45293, 20/10/2017. Política, p. A8.

 

‘Momento é de testosterona’, diz Ciro sobre Marina em 2018

Constança Rezende

20/10/2017

 

 

Presidenciável do PDT, ex-governador questiona possível candidatura de ex-ministra e faz críticas ao PSDB e a tucanos

 

 

O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, criticou ontem, no Rio, possíveis concorrentes ao cargo em 2018. Ao comentar eventual candidatura da ex-ministra Marina Silva (Rede), o ex-governador do Ceará afirmou que “o momento é muito de testosterona” e que não a vê com energia para a disputa ao Planalto. Ciro também dirigiu críticas a tucanos – o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito João Doria e o senador Aécio Neves (MG), a quem chamou de “cadáver político”.

O ex-governador e ex-ministro questionou o comportamento de Marina. “Não a vejo com apetite de ser candidata, ou então é uma tática nova que eu nunca vi na minha vida pública, que é o negócio de jogar parado, de não dar opinião. Não vejo ela com a energia e o momento é muito de testosterona. Eu não elogio isso, é algo do Brasil. É um momento muito agressivo, e ela tem uma psicologia muito avessa a isso”, disse Ciro durante almoço com empresários na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Na disputa presidencial de 2002, Ciro, então candidato pelo PPS, sofreu críticas ao dizer que o papel da mulher dele na época, a atriz Patrícia Pillar, na campanha era “dormir” com ele.

Ontem, Ciro também atacou Aécio. Para o ex-governador, o tucano “continua dando as cartas” e o PSDB insiste em não tirá-lo do comando do partido. O senador é presidente licenciado da legenda. “Aécio é um cadá- ver político, e o que se faz com um cadáver é sepultar. E aí não sei por que não se sepulta. O cara está lá dando as cartas. A onda de revolta pede que ele saia da presidência do PSDB. Ele não vai sair. Então não resolve.”

Nesta semana, Aécio retomou o mandato parlamentar após o Senado rever a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal de afastá-lo das atividades legislativas e de impor recolhimento noturno.

 

PSDB. Ainda de acordo com o presidenciável do PDT, o PSDB “vai fazer uma campanha situacionista” na disputa de 2018, “segurando a alça de um caixão de um governo que tem 3% de aprovação, ou vai deixar para a véspera da eleição para sair e ficar com o justo estigma de oportunista”. “Para não parar de fazer besteira, o Doria contesta o Alckmin, que o inventou. Qualquer político sabe que o Alckmin aumentava as remotas e decrescentes chances do PSDB. Portanto, o PSDB vai se decidir por ele e aí não se resolve o problema. Deixa o Doria desgastando o Alckmin”, afirmou.

Apesar das críticas, Ciro disse que “quer representar um pedaço do PSDB, que ajudou a fundar”. “Fui o primeiro e único governador eleito pelo PSDB em 1990 e rompi por causa da fraude do real porque não queria ser confundido com aquilo.”

Ciro declarou também que o deputado Jair Bolsonaro (PSCRJ), outro presidenciável, “representa uma coisa muito respeitável que é a repulsa do povo brasileiro com a prática média da política”. Essas bofetadas que o Supremo dá, que o Congresso dá, todo dia o Bolsonaro vira uma coisa catártica de protesto. Mas o voto não é catártico. O voto é afirmativo. Na hora que o PSDB se organizar, eles vão começar a se canibalizar.”

Via assessoria, Alckmin disse que não vai comentar. Os outros citados por Ciro não responderam à reportagem até a conclusão desta edição.

 

Rio. Ciro durante evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado (Firjan)

 

‘Energia’

“Não a vejo (Marina Silva) com apetite de ser candidata. Não vejo ela com a energia e o momento é muito de testosterona.”

 

“Aécio é um cadáver político, e o que se faz com um cadáver é sepultar. E aí não sei por que não se sepulta.”

 

“Qualquer político sabe que o Alckmin aumentava as remotas chances do PSDB. Portanto, o PSDB vai se decidir por ele. Deixa o Doria desgastando o Alckmin.”

Ciro Gomes

PRESIDENCIÁVEL DO PDT