Título: Missão é demitir Ricardo Oliveira
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2012, Economia, p. 12/13

Ainda que a ordem da presidente Dilma Rousseff tenha a sido a de pôr fim à rede de intrigas que tomou conta do Banco do Brasil e de seu fundo de pensão, a Previ, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem uma pesada missão pela frente: demitir Ricardo de Oliveira, o Ricardo Gordo, como é chamado, da vice-presidência de Governo do BB. O Palácio do Planalto tem informações consistentes de que foi ele o responsável por alimentar a guerra que quase parou a maior instituição financeira do Brasil e a principal fundação de previdência complementar da América Latina, com ativos de mais de R$ 150 bilhões.

Oliveira é ligado ao secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e viu sua influência no governo crescer ao se aproximar de Rosemary Noronha, ex-assessora do ex-presidente Lula. Gordo se tornou tão poderoso no BB, que, mesmo a sua vice-presidência sendo responsável pelas relações com órgãos públicos, despacha apenas em São Paulo. Nem mesmo das reuniões de diretoria participa e, quando o faz, é por videoconferência, assinando as atas depois.

Essa presença onipresente em São Paulo levou Oliveira a trabalhar, pesadamente, para a transferência de parte das diretorias do BB, em especial a de Marketing, para debaixo de suas asas, projeto que foi abortado depois que Dilma foi avisada do que estava por trás da iniciativa: garantir verbas publicitárias para favorecer o PT nas eleições paulistas.

Foi em São Paulo, inclusive, que Gordo se aproximou de Allan Simões Toledo, demitido da vice-presidência da área internacional do BB no fim do ano passado, devido às suspeitas de que teria movimentado, ilegalmente, quase R$ 1 milhão em suas contas.

Como responsável pelo contato com as grandes empresas clientes do BB, Simões passou a ser peça importante no desejo de Oliveira de se aproximar do capital. O fim da amizade entre os dois, porém, foi repentino. E, pelo que detectou o Planalto, o rompimento pode ter detonado a guerra no banco, incluído a Previ no jogo de intrigas e resultado na quebra de sigilo do ex-vice do BB. A única coisa que os assessores de Dilma ainda não descobriram foi o real motivo das desavenças entre Simões e Oliveira. (VN, RH E VB)