Título: Gabinete repleto de agricultores
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2012, Política, p. 4

A influência política nos assentamentos do programa de reforma agrária brasileiro chega à Câmara. O deputado federal Marcon (PT-RS) transformou a militância pela reforma agrária

em bônus político e alcançou o Congresso recebendo 100 mil votos. Apesar de parlamentar, ele afirma que continua sendo um assentado do PA Capela, no município de Santa Bárbara do Sul (RS), e não largou o trabalho na terra. "Moro em assentamento, com muito orgulho. Trabalho no lote, minha esposa trabalha no lote, meu filho também é aprendiz." ,

Como o deputado foi assentado em 1994, ele alega ter o direito de permanecer nas terras da reforma agrária, pois o benefício foi anterior à sua diplomação. O parlamentar, no entanto, acomoda em seu gabinete quatro assentados - contrariando o exigido pela lei para beneficiários da reforma agrária. Gilmar Carvalho da Silva é parceleiro no assentamento estadual Trinta de Maio, José Elias Andreski Toledo tem terras no projeto

Fazenda Santa Helena, Juleide Tonin no PA Rondinha e Lourenço Silva no PA Floresta/Lagoa. "Eles são companheiros assentados e me ajudam no mandato. O mandato é estadual, preciso dessa ajuda. Assentado não precisa ser jeca tatu. Temporariamente, são meus assessores."

A participação dos beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária é considerada um processo seletivo. A norma 45, de 25 de agosto de 2005, estabelece regras para a participação no programa. O texto declara impedidos de participar do programa de reforma agrário funcionários públicos ou cônjuges, ex-beneficiários de programas fundiários, estrangeiros não naturalizados e proprietários de imóveis rurais. O Incra diz que a filiação partidária não faz parte dos critérios de exclusão do programa. "É importante destacar que o Incra não interfere na vida política dos assentados, seja quanto a se associar ou não, seja quanto a ser ligado ou não a qualquer partido político", informa a entidade. (JJ)