Título: Dilma dá a mão ao FMI
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Fonte: Correio Braziliense, 07/03/2012, Economia, p. 12

Presidente promete à chanceler alemã ajuda do Brasil na capitalização do Fundo para socorrer países europeus

Hannover, Alemanha — Depois das finas farpas trocadas na véspera, ontem foi o dia de aparar as arestas e de declarações mais amenas no segunda de visita da presidente Dilma Rousseff à Alemanha. Não à toa o fato destacado pela chanceler alemã, Angela Merkel, em entrevista conjunta, foi a ajuda já prometida pelo Brasil para capitalizar o Fundo Monetário Internacional (FMI), se necessário, para resolver a crise da Zona do Euro.

Merkel afirmou que recebeu de Dilma garantias de que o Brasil irá ajudar o Fundo Monetário Internacional (FMI) a se recapitalizar, o que, por sua vez, pode ser crucial para resolver a crise na Zona do Euro. "A presidente (Dilma) disse que o Brasil vai participar do refinanciamento de forma proporcional à sua quota", disse a líder alemã. Dilma lembrou que o país tem sido favorável ao aumento de capital do FMI e a uma maior participação do Brasil desde a reunião do G20 (que reúne os países mais desenvolvidos) em novembro.

Diferente da noite de segunda-feira, quando advertiu de forma indireta o Brasil contra a adoção de "medidas protecionistas unilaterais", referindo-se ao aumento de tributação sobre veículos importados, Merkel foi menos incisiva ontem, evitou cobranças e reconheceu a interconexão da expansão de liquidez na Europa e da apreciação de outras moedas em relação ao euro e ao dólar. Na sexta-feira passada e na segunda, Dilma fez duras críticas à injeção de US$ 8,8 trilhões no sistema financeiro europeu e norte-americano, que inundou os países emergentes de dólares, como o Brasil, levando à valorização excessiva de suas moedas e prejudicando suas exportações.

Merkel disse ter assegurado a presidente brasileira de que essas medidas são de curto prazo e têm a intenção de ajudar países endividados da Zona do Euro a realizarem reformas. "Deixei claro que se trata de uma medida temporária", disse Merkel na entrevista coletiva conjunta.

Embora o tom tenha sido mais ameno, Dilma manteve as críticas : "Eu manifestei para a chanceler Merkel a preocupação do Brasil com a expansão monetária que vem ocorrendo por parte dos países desenvolvidos, que começou com os Estados Unidos, obviamente com uma parte bem mais significativa do que a União Europeia. Mas agora a expansão monetária da região provoca desvalorização das moedas, o que nós consideramos bastante adverso para o comércio internacional do Brasil". Dilma disse entender as adversidades da Zona do Euro causadas pela crise das dívidas soberanas, mas reiterou a necessidade de "buscar melhores formas de cooperação".

Dólar sobe 1,57% O crescimento baixo da Europa e do Brasil em 2011 agitou o mercado de câmbio ontem e o dólar acabou fechando o dia com valorização expressiva de 1,57%, cotado a R$ 1,764 na venda, sem que o Banco Central precisasse atuar na compra para pressionar o câmbio para cima. É a maior alta em percentual desde dezembro e o maior valor desde o dia 18 de janeiro, quando fechou a R$ 1,767. Foi o terceiro dia consecutivo de valorização da moeda. Desde a semana passada, o Banco Central vinha intervindo diariamente no mercado comprando moeda para elevar sua cotação.