Título: Governo promete incentivos
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 07/03/2012, Economia, p. 11

Presidente atribui PIB baixo à crise internacional, e Mantega anuncia ajuda à indústria e juros baixos

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Frustrado com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, que cresceu apenas 2,7% no ano passado, o governo corre o risco de decepcionar-se novamente em 2012. Por mais que a equipe econômica almeje uma expansão de pelo menos 4,5%, os analistas do mercado financeiro calculam que o crescimento não passará de 3,5%. Diante da possibilidade de um novo fiasco, a presidente Dilma Rousseff empenhou-se pessoalmente na missão de levar o país a um nível maior. Na Alemanha, onde faz visita de dois dias, ela garantiu ontem que vai trabalhar ativamente para o crescimento do Brasil.

"O governo brasileiro terá uma posição proativa no sentido de ampliar, cada vez mais, a taxa de crescimento no Brasil de forma sustentável, respeitando o equilíbrio macroeconômico com finanças públicas e uma estrutura fiscal sólida", garantiu a presidente. Ela atribuiu o desempenho baixo à crise dos países ricos. "Este é um período adverso, eu acho, para a economia internacional, uma vez que não só os países desenvolvidos estão sofrendo pressões nas suas taxas de crescimento, mas também os países emergentes", ponderou.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi mais enfático e disse que espera um crescimento entre 4% e 4,5% no ano, uma taxa que será impulsionada, segundo ele, por fortes incentivos ao setor industrial, controle da inflação, redução dos juros, crescimento do emprego e da renda e combate severo à "guerra cambial".

Mantega prometeu ainda aumento dos investimentos públicos, ampliação do crédito por meio dos bancos estatais e redução dos spreads (diferença entre a taxa que o banco cobra nos empréstimos e a que paga ao investidores), assegurou também que não haverá mudanças no rendimento da caderneta de poupança. O setor que deverá, segundo o ministro, receber mais estímulos é o industrial, que, no ano passado, cresceu apenas 1,6% e sofreu muito com a concorrência externa, devido à entrada no país de uma enxurrada de artigos importados e dólares.

"Podemos concluir que 2011 foi um bom ano para a economia brasileira, embora o crescimento do PIB não tenha sido tão alto quanto esperávamos. Se não houvesse o agravamento da crise, ficaríamos mais próximos dos 4% do que dos 3%. Teve um peso grande a deterioração da economia mundial no segundo semestre", disse Mantega.

O ministro ressaltou que não medirá esforços para conter a queda do dólar e lançará mão de "um arsenal infinito" de medidas de combate à "intensificação da guerra cambial" e ao ingresso de capital especulativo.