Valor econômico, v. 17, n. 4363, 18/10/2017. Política, p. A8.

 

 

Maia diz que trabalha com Temer em "harmonia, respeito e independência"

Marcelo Ribeiro, Raphael Di Cunto, Luísa Martins, Cristiano Zaia e Bruno Peres

18/10/2017

 

 

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que está superado o "mal entendido" com o presidente Michel Temer e com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as circunstâncias da divulgação dos vídeos da delação do operador Lúcio Bolonha Funaro, associados à denúncia contra Temer apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR). Para o presidente da Câmara, as divergências não têm poder para atrapalhar a tramitação da acusação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

"Eu entendo que, se de alguma forma a Câmara e seus servidores são atacados, eu tenho que reagir em nome da instituição. Nada disso afeta a minha relação com o presidente. Ele tem o meu respeito e, desde que virei presidente da Câmara, trabalhamos com total harmonia de agendas, além de haver muito respeito e independência", disse Maia.

Paralelamente, o relator da Operação Lava Jato, ministro Edson Fachin - que foi um dos protagonistas da crise que envolveu a Câmara, o Supremo e o Planalto - atendeu a um pedido da defesa de Maia para que seja feito um sorteio para definir um novo relator para uma investigação que tramita na Corte contra o presidente da Câmara. Hoje, o processo está nas mãos de Fachin. O principal argumento dos advogados é o de que o inquérito não tem relação com o esquema de corrupção da Petrobras e, portanto, não deveria ter sido automaticamente encaminhado ao gabinete de Fachin.

Caberá à presidente do tribunal, decidir se determina ou não uma nova distribuição do processo entre todos os ministros do STF, incluindo o próprio Fachin. Em outra ocasião, envolvendo um outro inquérito envolvendo Maia, ela já negou o pedido, mantendo o caso com o relator da Lava-Jato.

"A tramitação sob esta relatoria dos inquéritos destinados a apurar a organização criminosa atuante no âmbito do Congresso Nacional não implica, por si só, na prevenção para todos os supostos delitos investigados atribuídos aos integrantes do grupo criminoso organizado, mormente porque se tratam de delitos, em regra, de natureza diversa", argumentou Fachin, ao pedir a Cármen que determine um novo sorteio.