O Estado de São Paulo, n. 45283, 10/10/2017. Economia, p.B1

 

 

 

 

Juro menor pode turbinar em R$ 15,6 bi a concessão de consignado em 2018 

Crédito. Volume de empréstimos com desconto em folha de pagamento deve crescer como consequência da redução no limite máximo da taxa de juros cobrada nessa modalidade; governo anunciou dois cortes este ano com o intuito de impulsionar o consumo

Por: Idiana Tomazelli

 

Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

 

O governo já reduziu por duas vezes neste ano o porcentual máximo que os bancos podem cobrar de juros no crédito consignado, aquele que é descontado diretamente na folha de pagamento. Essa medida, nos cálculos do Ministério do Planejamento obtidos pelo ‘Estadão / Broadcast’, deve turbinar em cerca de R$ 15,6 bilhões a concessão de financiamentos em 2018. O crédito mais barato faz movimentar mais dinheiro na economia, o que contribui diretamente com a recuperação do consumo das famílias.

Desde o início do ano, o governo tem lançado mão de medidas para turbinar o consumo e reanimar a economia. O primeiro impulso veio com o saque das contas inativas do FGTS: foram quase R$ 44 bilhões. O movimento teve continuidade com a ampliação do público que pode resgatar os recursos do PIS/Pasep (medida que vai liberar cerca de R$ 16 bilhões) e com a redução nas taxas dos consignados. “Tudo isso é um caminho para que a economia volte a crescer de forma considerável”, diz o secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos da pasta, Marcos Ferrari.

Outros fatores podem elevar ainda mais o potencial de crescimento na concessão de crédito consignado, como a redução no desemprego e o menor endividamento dos brasileiros, segundo o secretário. “É uma conjunção de fatores, tudo isso gera movimento para que o crescimento do consumo seja sustentável daqui para frente.”

No fim de setembro, o governo anunciou a segunda redução dos limites de taxas de juros para empréstimos consignados. No caso do funcionalismo, a taxa máxima a ser cobrada pelas instituições financeiras caiu de 2,20% para 2,05% ao mês. Já para aposentados e pensionistas do INSS, a redução foi de 2,14% para 2,08% ao mês.

A equipe econômica já havia anunciado medida semelhante em março deste ano. Antes, o juro máximo era de 2,50% ao mês para servidores e 2,34% para segurados do INSS. Esse tipo de crédito já é mais barato do que outros financiamentos justamente pela garantia de desconto na folha de pagamento, que proporciona baixos índices de calote. A continuidade da redução da taxa básica de juros, a Selic, de 12,25% em março para os atuais 8,25% ao ano, abriu espaço para o novo corte nas taxas de consignados.

O efeito esperado com as duas reduções (de março e de setembro) é um incremento de R$ 1,3 bilhão ao mês no ritmo de crescimento do crédito consignado, segundo o Planejamento. Sinais da redução aprovada no início do ano já foram percebidos recentemente, com a aceleração do crescimento do saldo desse tipo de financiamento. Nos cálculos do secretário, o avanço na concessão de consignados passou de 0,19% para 0,56% ao mês desde o primeiro anúncio.

Muita gente aproveita o crédito consignado para substituir ou refinanciar dívidas mais caras, como a do cartão de crédito (com juro médio de 397,4% ao ano) ou do cheque especial.

Mesmo nesse caso, em que o novo financiamento não serve à compra de um bem ou serviço, Ferrari explica que o impacto é positivo na economia. Isso acontece porque, ao reorganizar suas finanças, a família tem mais renda disponível para consumir. Além disso, gera uma economia no pagamento de juros, que pode chegar a R$ 5 bilhões por ano.

O economista Alexandre Póvoa, sócio-gestor da Canepa Asset Management, avalia que todas as medidas anunciadas recentemente pelo governo (FGTS, PIS/Pasep e redução nos juros do consignado) ajudam na retomada do consumo. “Isso, numa economia que está começando a se recuperar, é importante. Não é uma coisa gigantesca, mas com o que já teve (de medidas) é importante”, afirma. Ele ponderou, entretanto, que o impacto calculado pelo governo dependerá da propensão das pessoas a tomarem esse crédito e consumir.

Liderança. Neste ano, os consignados foram responsáveis por puxar o crescimento do crédito para pessoa física com recursos livres (aqueles que não têm um fim determinado, como para habitação ou para compra de veículo). Dos R$ 19 bilhões de ampliação nessa carteira, R$ 17,5 bilhões vieram dos empréstimos descontados em folha, destacou Ferrari.

Além disso, a medida atinge o principal público dos consignados. Dos R$ 302 bilhões emprestados a pessoas físicas por meio desse instrumento, segundo dados até julho deste ano, trabalhadores do setor público, aposentados e pensionistas do INSS respondem por 94% do saldo total (R$ 284,3 bilhões). No caso dos servidores, a diminuição da taxa máxima de juros no consignado foi a primeira desde 2008.

Economistas projetam que a Selic deve encerrar 2017 em 7% ao ano, um mínimo histórico. No entanto, o Planejamento ainda vai analisar se fará novas modificações nas regras de concessão de crédito consignado para os servidores e beneficiários do INSS.

“Tudo isso é um caminho para que a economia volte a crescer de forma considerável.”

Marcos Ferrari

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO E

ASSUNTOS ECONÔMICOS

O governo já reduziu por duas vezes neste ano o porcentual máximo que os bancos podem cobrar de juros no crédito consignado, aquele que é descontado diretamente na folha de pagamento. Essa medida, nos cálculos do Ministério do Planejamento obtidos pelo ‘Estadão / Broadcast’, deve turbinar em cerca de R$ 15,6 bilhões a concessão de financiamentos em 2018. O crédito mais barato faz movimentar mais dinheiro na economia, o que contribui diretamente com a recuperação do consumo das famílias.

Desde o início do ano, o governo tem lançado mão de medidas para turbinar o consumo e reanimar a economia. O primeiro impulso veio com o saque das contas inativas do FGTS: foram quase R$ 44 bilhões. O movimento teve continuidade com a ampliação do público que pode resgatar os recursos do PIS/Pasep (medida que vai liberar cerca de R$ 16 bilhões) e com a redução nas taxas dos consignados. “Tudo isso é um caminho para que a economia volte a crescer de forma considerável”, diz o secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos da pasta, Marcos Ferrari.

Outros fatores podem elevar ainda mais o potencial de crescimento na concessão de crédito consignado, como a redução no desemprego e o menor endividamento dos brasileiros, segundo o secretário. “É uma conjunção de fatores, tudo isso gera movimento para que o crescimento do consumo seja sustentável daqui para frente.”

No fim de setembro, o governo anunciou a segunda redução dos limites de taxas de juros para empréstimos consignados. No caso do funcionalismo, a taxa máxima a ser cobrada pelas instituições financeiras caiu de 2,20% para 2,05% ao mês. Já para aposentados e pensionistas do INSS, a redução foi de 2,14% para 2,08% ao mês.

A equipe econômica já havia anunciado medida semelhante em março deste ano. Antes, o juro máximo era de 2,50% ao mês para servidores e 2,34% para segurados do INSS. Esse tipo de crédito já é mais barato do que outros financiamentos justamente pela garantia de desconto na folha de pagamento, que proporciona baixos índices de calote. A continuidade da redução da taxa básica de juros, a Selic, de 12,25% em março para os atuais 8,25% ao ano, abriu espaço para o novo corte nas taxas de consignados.

O efeito esperado com as duas reduções (de março e de setembro) é um incremento de R$ 1,3 bilhão ao mês no ritmo de crescimento do crédito consignado, segundo o Planejamento. Sinais da redução aprovada no início do ano já foram percebidos recentemente, com a aceleração do crescimento do saldo desse tipo de financiamento. Nos cálculos do secretário, o avanço na concessão de consignados passou de 0,19% para 0,56% ao mês desde o primeiro anúncio.

Muita gente aproveita o crédito consignado para substituir ou refinanciar dívidas mais caras, como a do cartão de crédito (com juro médio de 397,4% ao ano) ou do cheque especial.

Mesmo nesse caso, em que o novo financiamento não serve à compra de um bem ou serviço, Ferrari explica que o impacto é positivo na economia. Isso acontece porque, ao reorganizar suas finanças, a família tem mais renda disponível para consumir. Além disso, gera uma economia no pagamento de juros, que pode chegar a R$ 5 bilhões por ano.

O economista Alexandre Póvoa, sócio-gestor da Canepa Asset Management, avalia que todas as medidas anunciadas recentemente pelo governo (FGTS, PIS/Pasep e redução nos juros do consignado) ajudam na retomada do consumo. “Isso, numa economia que está começando a se recuperar, é importante. Não é uma coisa gigantesca, mas com o que já teve (de medidas) é importante”, afirma. Ele ponderou, entretanto, que o impacto calculado pelo governo dependerá da propensão das pessoas a tomarem esse crédito e consumir.

 

Liderança. Neste ano, os consignados foram responsáveis por puxar o crescimento do crédito para pessoa física com recursos livres (aqueles que não têm um fim determinado, como para habitação ou para compra de veículo). Dos R$ 19 bilhões de ampliação nessa carteira, R$ 17,5 bilhões vieram dos empréstimos descontados em folha, destacou Ferrari.

Além disso, a medida atinge o principal público dos consignados. Dos R$ 302 bilhões emprestados a pessoas físicas por meio desse instrumento, segundo dados até julho deste ano, trabalhadores do setor público, aposentados e pensionistas do INSS respondem por 94% do saldo total (R$ 284,3 bilhões). No caso dos servidores, a diminuição da taxa máxima de juros no consignado foi a primeira desde 2008.

Economistas projetam que a Selic deve encerrar 2017 em 7% ao ano, um mínimo histórico. No entanto, o Planejamento ainda vai analisar se fará novas modificações nas regras de concessão de crédito consignado para os servidores e beneficiários do INSS.

 

Otimismo

“Tudo isso é um caminho para que a economia volte a crescer de forma considerável.”

Marcos Ferrari

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO E ASSUNTOS ECONÔMICOS

 

 

 

 

PIB deve crescer 2,3% no ano que vem, prevê IFI

Por: Idiana Tomazelli

 

Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

 

Diante da “percepção mais clara” sobre a recuperação da atividade econômica, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado revisou suas projeções para o crescimento do País neste e no próximo ano. Segundo a IFI, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve avançar 0,7% em 2017 e 2,3% em 2018.

Antes, a IFI previa crescimento de 0,46% este ano e 1,93% no ano que vem. A melhora nos indicadores, no entanto, leva em consideração a aprovação da reforma da Previdência, ainda que “com prazo mais dilatado”.

“O ajuste para cima nas projeções do PIB decorre da incorporação do resultado positivo do segundo trimestre e do bom desempenho dos indicadores. O consumo das famílias assume o papel de protagonista no processo de retomada da economia, em substituição à agricultura”, analisa a instituição.

No cenário pessimista, sem reformas, o País crescerá apenas 0,3% este ano e 0,4% em 2018, segundo a IFI. Já no cenário otimista, com um programa mais abrangente de ajuste fiscal (para além da reforma da Previdência), o PIB deve avançar 0,9% em 2017 e 3,1% no ano que vem.

A instituição ainda prevê um déficit de R$ 156,2 bilhões nas contas do governo central (Tesouro Nacional, INSS e Banco Central) este ano, levemente abaixo da meta, que permite rombo de até R$ 159 bilhões.

No médio prazo, porém, o “desafio é expressivo”, ressalta a instituição. Um superávit primário deve ocorrer só em 2024 – mais tarde do que espera o governo, que prevê receitas maiores que despesas já em 2021.

A IFI ainda alerta para a aceleração do crescimento dos gastos obrigatórios. Segundo a IFI, a chamada “margem fiscal” está ficando cada vez menor para as discricionárias – que incluem despesas necessárias ao funcionamento da máquina pública.