Título: Juro baixo nos EUA
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 14/03/2012, Economia, p. 13

Washington — O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, confirmou ontem as expectativa dos analistas e informou que manterá, para desespero do Brasil e dos demais países emergentes, as taxas de juros baixas pelo menos até o fim de 2014. A instituição também confirmou que continuará a injetar dinheiro na economia norte-americana, até que a retomada da atividade se mostre forte o suficiente para reverter o elevado nível de desemprego.

A equipe chefiada por Ben Bernanke ressaltou que, a despeito dos sinais de melhora no mercado de trabalho — o índice de desemprego caiu para 8,3% em janeiro —, ainda não há motivo para comemoração. Tanto que a maior economia do mundo continua enfrentando "riscos importantes", como a alta do petróleo, que, por enquanto, teve efeito passageiro sobre a inflação. "As condições do mercado de trabalho continuam melhorando. A taxa de desemprego caiu notavelmente nos meses recentes, mas continuam elevadas", assegurou o Fed, por meio de um comunicado do Comitê de Política Monetária (Fomc).

Usando uma linguagem meticulosamente escolhida, o BC dos EUA ressaltou a visível redução das tensões nos mercados financeiros. Assim, o crescimento econômico esperado pela instituição para os próximos trimestres passou de "modesto" para "moderado". No entender da equipe de Bernanke, se esse quadro se confirmar, a taxa de desemprego "cairá gradativamente" até o nível que considera consistente com o pleno emprego — entre 5,2 e 6,%.

O Fed destacou ainda que o mercado imobiliário, foco da crise de 2008, que levou o Banco Lehman Brothers à falência, continua deprimido. O setor é um dos principais empregadores do país, mas, sem grandes investimentos empresariais e sem potenciais compradores, ainda levará tempo para reagir. Quanto à inflação, o BC norte-americano assegurou que os juros variando entre zero e 0,25% ao ano não estimulam reajustes exagerados dos preços. "As expectativas de inflação permanecem estáveis no longo prazo", disse no comunicado.

A melhor notícia do EUA veio, porém, do varejo, no qual as vendas registraram, em fevereiro, o maior ganho em cinco meses. Os norte-americanos intensificaram a compra de veículos automotores e outros bens, mesmo pagando mais pela gasolina. O faturamento do setor aumentou 1,1%, depois de ter avançado 0,6% em janeiro. Esse resultado estimulou alguns economistas, incluindo os do Goldman Sachs, a elevar as previsões de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro quadrimestre: de 1,8% para 2%.