Título: Vantagem sem igual
Autor: Valadares, João ; Gama, Júnia
Fonte: Correio Braziliense, 12/03/2012, Política, p. 2

Salários elevados como os que ganham os parlamentares brasileiros, somados aos inúmeros benefícios que recebem no exercício do mandato são um contraste com o que se vê em outros países. Na Espanha, país em que até o ano passado o governo era comandado por socialistas, os parlamentares recebem, em um ano, doze pagamentos de 3,5 mil euros. Na moeda brasileira, o salário equivale a R$ 8,2 mil. Há ainda dois pagamentos extras, divididos entre junho e dezembro que, somados, resultam em pouco mais de um salário. Equivale ao nosso 13º.

Na Argentina, os parlamentares trabalham por R$ 7 mil dólares mensais, o equivalente a R$ 12,5 mil por mês. Não existem as regalias que deputados e senadores brasileiros concedem a si mesmos. São apenas treze salários, como recebem os demais trabalhadores do país, segundo a embaixada argentina em Brasília.

Nos Estados Unidos, os vencimentos anuais dos parlamentares totalizam $174 mil, ou seja, R$ 310 mil. Divididos por 12 meses, o salário nos Estados Unidos corresponde a R$ 25,8 mil. Ainda que no Brasil os parlamentares recebessem apenas 12 salários em um ano e nenhuma regalia extra, o valor pago aos senadores e deputados brasileiros seria superior ao que recebem os norte-americanos.

Para o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), os altos benefícios que senadores e deputados se concedem — eles são constitucionalmente responsáveis por definir os próprios proventos — é fruto de uma percepção equivocada de que, ganhando bem, estariam blindados contra "tentações". "No Brasil, criou-se essa mentalidade de que era preciso aumentar os salários dos parlamentares para acabar com a corrupção. Mas, os salários subiram e a corrupção não diminuiu", lamenta. (JG)