Valor econômico, v. 17, n. 4373, 02/11/2017. Brasil, p. A2.

 

 

Produção industrial aumentou 0,5% em setembro, afirmam economistas

Arícia Martins

02/11/2017

 

 

A indústria seguiu em trajetória de recuperação gradual no fim do terceiro trimestre, segundo economistas, sem reverter totalmente, no entanto, o tombo observado em agosto. Segundo a estimativa média de 27 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, a produção industrial cresceu 0,5% em setembro na comparação com agosto, feitos os ajustes sazonais, depois de redução de 0,8% na medição anterior.

As estimativas para a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de queda de 0,2% até expansão de 1%. No trimestre, a expectativa também é de crescimento da atividade industrial, que deve acelerar daqui para frente como reflexo do ciclo de afrouxamento monetário.

Mais pessimista do que o consenso de analistas, economista da André Muller, da AZ Quest, prevê que a produção aumentou 0,2% de agosto para setembro. Mesmo com a alta mais modesta, o quadro geral de recuperação do setor persiste, diz Muller. Se confirmada a estimativa da gestora, a produção terá crescido 0,1% na média móvel trimestral, mesmo percentual registrado no mês anterior, destaca. "É um ritmo lento, mas ainda positivo."

Grande parte dos indicadores antecedentes do comportamento do setor subiu em setembro, observa Muller. Com o ajuste sazonal da Quest, a produção de veículos medida pela Anfavea (entidade que reúne as montadoras) avançou 4% na passagem mensal. Calculado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) em parceria com a Tendências, o fluxo pedagiado de veículos pesados nas estradas aumentou 0,7%. O economista ainda cita o Indicador de Nível de Atividade (INA) da Fiesp, que ficou 0,2% maior no nono mês do ano.

"Os dados ainda estão um pouco voláteis, mas a trajetória de recuperação está dada", diz Muller, mencionando a redução dos juros, a melhora do desempenho das exportações e o ajuste de estoques nas fábricas. Impulsionada por esses fatores, a produção deve crescer 2,5% em 2017, alta que deve acelerar para 3,5% no próximo ano, estima ele.

A Tendências trabalha com estabilidade da produção industrial em setembro, mas ressalta em relatório que, na comparação com igual mês do ano passado, o indicador subiu 2,1%, o que seria a quinta expansão consecutiva nessa métrica. "A projeção reflete os sinais divergentes apresentados por alguns dos principais indicadores industriais antecedentes, tais como o crescimento da produção de veículos da Anfavea em constraste com a expedição negativa de papel ondulado", afirmam os economistas da consultoria. Nos cálculos da Tendências, a queda nas vendas de papelão foi de 1,1%.

Muller, da Quest, calcula que a atividade industrial cresceu 1% na passagem do segundo para o terceiro trimestre, mesmo desempenho registrado de abril a junho. Assim, diz, a indústria deve ter dado nova contribuição positiva ao Produto Interno Bruto (PIB) no período. "O maior nível de confiança e os estímulos monetários são os principais vetores de retomada da atividade", avalia o economista.