Título: Aliados do PSD tentam miná-lo
Autor: Correia, Karla ; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 12/03/2012, Política, p. 3

Gestado pelo prefeito de São Paulo (SP), Gilberto Kassab, como uma dissidência do DEM apartada da oposição, nascido já com dois governadores, uma bancada de 52 deputados e dois senadores e uma massa de prefeitos ávidos para se reelegerem neste ano, o PSD encarna a figura da "noiva", jargão político para aquela legenda desejada por todos como aliado. No âmbito nacional, contudo, a legenda coleciona traições dos mesmos partidos que a cortejam. Até o momento, 17 legendas consultadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manifestaram-se expressamente contra a possibilidade de o PSD ter acesso proporcional aos recursos do fundo partidário, que se aproximam da cifra de R$ 300 milhões. O mesmo entendimento deve ser usado para o pleito da sigla pela divisão do tempo de propaganda na televisão.

Estão nessa lista PT e PSDB, partidos que duelaram pelo apoio de Kassab na capital paulista, até que ele decidiu firmar laços com a candidatura do tucano José Serra à prefeitura. Ávido pelo apoio do PSD em uma eleição de relevância nacional, o PSDB não hesitou em apunhalar o aliado. Como os demais partidos consultados, à exceção do PSB, seguiu o entendimento de que o PSD não tem direito à fatia proporcional de 95% do fundo, distribuída entre as agremiações com representatividade na Câmara.

Na maior parte dos casos, as manifestações vão no sentido de que o novo partido não tem direito ao fundo por não ter recebido nenhum voto nas eleições de 2010. O argumento é de que o cálculo do tempo de tevê e do Fundo Partidário é feito sempre com base nas bancadas eleitas. "Não há como tratar igualitariamente legendas partidárias que nunca se submeteram ao crivo do eleitor com aquelas que já participaram de eleições e receberam do eleitorado, em maior ou menor escola, a aprovação de seus programas e diretrizes partidários", destaca a manifestação do PSDB.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), tem percorrido os gabinetes de ministros do TSE. Junto com o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), Guerra encabeça a luta para que os tribunais não concedam espaço para a atuação do PSD. À primeira vista, parece uma atitude contraditória com o esforço empregado para atrair Kassab para a campanha de Serra.

Nem tanto. Na avaliação de um cacique tucano, a presença de Kassab ao lado do PSDB em São Paulo é importante, em primeiro lugar, para afastar o PSD do petista Fernando Haddad. Em segundo, para franquear à legenda o acesso à máquina da prefeitura.

"Mesmo com sua baixa popularidade, o Kassab pode render, por baixo, 10% dos votos. É o tipo de coisa que vence uma eleição", analisa o tucano. "No plano nacional, ninguém quer a existência de uma legenda como o PSD, uma aglomeração de insatisfeitos que decidiu formar um partido. Isso cria instabilidade nas outras legendas. O maior erro que o PSD cometeu foi deixar de lado a aliança com o PT em São Paulo. Eles dariam guarida ao partido do Kassab em todo o país", considera. Para o PSDB, pouco importa o resultado dos pleitos do PSD no TSE. Na questão do tempo de televisão, item mais precioso em jogo na disputa travada no TSE, é o DEM que sangrará mais para compor os 2 minutos e 11 segundos pleiteados pelo PSD. "Como o DEM já é aliado do PSDB, nossa situação pouco se altera", diz um tucano ligado à campanha de Serra.

O tamanho do PSB

Cargo Quantidade

Governadores 2

Vice-Governadores 6

Senadores 2

Deputados Federais 52

Deputados Estaduais 109

Prefeitos 559

Vice-Prefeitos 391

Vereadores 5.957

Filiados 149.586