Valor econômico, v. 17, n. 4377, 08/11/2017. Política, p. A9.

 

 

Tasso e Perillo prometem "continuar conversando" ao oficializarem divisão

Vandson Lima e Fabio Murakawa

08/11/2017

 

 

Atual presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) formaliza hoje, às 11h, sua candidatura para permanecer no comando da legenda.

Com isso, Tasso confirma a disposição em fazer frente ao governador de Goiás, Marconi Perillo, que já se lançou candidato à presidência tucana. A eleição da nova Executiva do partido ocorrerá dia 9 de dezembro.

Entusiasmado com o apoio de uma ala dos parlamentares e de intelectuais tucanos, Tasso comunicou o governador ontem, após ambos se reunirem em almoço com senadores do PSDB, que irá concorrer contra ele.

O goiano, que busca um acordo para não ter Tasso como adversário, expôs nos encontros com parlamentares a tese de fortalecimento da legenda, sugerindo inclusive que alguns senadores concorram em 2018 ao cargo de governador em seus Estados. Entre eles, Perillo propôs que o próprio Tasso se candidate ao governo do Ceará.

"Tasso está defendendo teses e eu também. Vamos continuar conversando. Espero que não [tenhamos dois candidatos]. É impossível conseguir consenso sem que cada postulante convença seus aliados. Não é tão simples, os aliados se apaixonam pelas teses, pelas ideias", disse Perillo.

Ele procurou, contudo, manter o otimismo em um acordo. "Na minha opinião, temos tudo para chegarmos a um bom entendimento até a convenção".

Já Tasso disse que mantém sua postulação, mas que "em qualquer hipótese, não esperem de mim e Marconi briga de arranhão, puxa-cabelo. Tenho compromisso com uma parcela do partido que defende alguns pontos de vista que não são os mesmos de outras parcelas", afirmou.

As diferenças entre eles, contudo, ficam claras ao falar do PSDB. Lado a lado na entrevista coletiva, enquanto Perillo defendeu que o PSDB mais acertou que errou nos últimos tempos, Tasso cobrou uma revisão total das posturas da sigla. "Não tem que ter desculpa para nada. O PSDB tem que ter a honestidade intelectual de assumir que apoiou as reformas e deixará o governo para se preocupar com uma candidatura nossa [a presidente da República]", disse Perillo. "Eu sou mais enfático. Acho que temos de deixar algumas posições muito bem marcadas diante da opinião pública", pontuou Tasso.

Afastado da presidência do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) tem dito a interlocutores que o racha não é sobre permanecer ou não no governo Michel Temer. Para o mineiro, a grande razão por trás da divisão entre os tucanos está relacionada à disposição em votar reformas impopulares, como a da Previdência, a menos de um ano das eleições de 2018. Aécio defende que as reformas sejam votadas o mais rápido possível, ainda este ano, ou não haverá condições políticas para aprovar no próximo ano.

Em sua fala, Perillo adotou postura mais próxima a Aécio. "Continuo defendendo radicalmente a reforma da Previdência e outras que diminuam o tamanho do Estado", enfatizou. Já para Tasso, a reforma proposta pelo governo está enterrada e só teria sido aprovada se o presidente Michel Temer tivesse se afastado do cargo, quando da primeira denúncia contra ele, oferecida à Câmara pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em junho.

"Naquela primeira denúncia, tinha mais probabilidade de passar se o presidente Temer tivesse se afastado e estivesse o presidente da Câmara à frente do governo, mesmo que por seis meses. Estamos no meio de novembro, em 15 de dezembro encerram as atividades no Congresso. Não há a menor possibilidade de passar a reforma da Previdência", afirmou o atual presidente tucano.