Valor econômico, v. 17, n. 4378, 09/11/2017. Brasil, p. A4.

 

Fundo do FGTS exclui 11 projetos de lista de investimentos

Edna Simão

09/11/2017

 

 

O Comitê de Investimentos do braço financeiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) excluiu 11 projetos, ainda em fase de análise, de sua lista de propostas de investimentos. Os projetos envolvem R$ 18 bilhões. Dos cancelados, quatro deles eram para viabilizar obras no setor de energia elétrica e o restante para empreendimentos em transporte - rodovias, portos e ferrovias. Antes de o conselho excluir os projetos, as empresas tiveram prazo de nove meses para regularizar a situação, mas os problemas não foram sanados.

Segundo Odirley Rios, um dos gerentes do comitê do FI-FGTS, os 11 projetos eram antigos - de 2014 e 2015 - e estavam com algum tipo de pendência, como falta de documentos - o que impedia sua aprovação e, consequentemente, a liberação de recursos por parte do fundo. Isso piorou com a crise econômica.

Algumas empresas, por exemplo, demoravam para atender as exigências para postergar a decisão de investimento para um período de menor incerteza. Elas ainda solicitaram recursos para vários bancos e aguardavam a primeira resposta para fechar a operação.

"O mercado no ano de 2016 foi bem turbulento e a maioria das empresas se retraíram para investimento. Foi uma situação de mercado para investir que atingiu não só o FI-FGTS", disse a presidente do Comitê de Investimentos do FI-FGTS, Suzana Leite.

Rios explicou que "esses projetos, de 2014 e 2015, tinham relatórios de aprovados já há algum tempo. Ao longo desse tempo, o mercado passou por uma dificuldade muito grande. Essas empresas, na maioria das vezes, precisaram revisar seus planos de investimento e avaliaram que não era esse o momento de investir".

Segundo ele, a decisão do comitê de excluir projetos de sua lista de análise não prejudica a rentabilidade do fundo. Para este ano, o orçamento do FI-FGTS para investimento em infraestrutura é de R$ 7 bilhões. Com a seleção de projetos de investimentos por consulta pública, o conselho quer dar mais celeridade à analise dos projetos e, ao mesmo tempo, dar transparência ao processo de escolha. O entendimento é que a seleção pública blinda os investimentos, que já foram alvo da Operação Lava-Jato, de irregularidades e ingerência política.

A primeira seleção de projetos de infraestrutura foi feita no fim de maio. Foram apresentadas 34 propostas de investimentos, porém apenas três foram selecionadas, envolvendo R$ 1,4 bilhão. Na avaliação da presidente do Comitê de Investimentos do fundo, o número de selecionados é baixo, porque os " projetos eram incipientes".

"Não faltam projetos de investimentos, faltam projetos consistentes", disse Suzana. Na segunda etapa, realizada em junho, de 21 projetos, 7 foram escolhidos. "Dinheiro tem, o que precisamos é de projeto de qualidade", disse.

Segundo Suzana, com o objetivo de chegar aos R$ 7 bilhões previstos para este ano, a próxima reunião do grupo, prevista para o dia 13 de dezembro, vai colocar em votação o edital da terceira consulta pública de propostas de investimentos. Dos R$ 7 bilhões, ainda restam selecionar projetos para contratação de R$ 4,2 bilhões.