O Estado de São Paulo, n. 45321, 17/11/2017. Política, p. A8.

 

PSDB governista tenta 'saída negociada'

Vera Rosa

17/11/2017

 

 

Ministros tucanos mais próximos do presidente Michel Temer buscam manter as portas abertas para possível aliança com o PMDB em 2018

 

 

Empenhados em salvar a aliança com o PMDB para as eleições de 2018, tucanos que integram a “ala Jaburu” – composta por frequentadores da residência oficial do presidente Michel Temer – combinaram com o Palácio do Planalto o script do desembarque. A estratégia foi articulada para diluir a saída do PSDB da coligação e não parecer que o governo está a reboque dos tucanos.

Auxiliares de Temer afirmam que, dependendo da forma como o PSDB “descasar”, pode haver uma porta aberta para uma dobradinha em 2018. Alegam, no entanto, que é preciso saber qual PSDB sobreviverá da convenção de 9 de dezembro.

“Temer não será o divisor de águas da eleição de 2018. Não haverá uma disputa nem um plebiscito entre os que são a favor ou contra Temer”, disse ao Estado o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. “A pretexto de defender uma candidatura presidencial do PSDB, a tese do desembarque passou a ser um biombo para ocultar a posição de ruptura daqueles que não querem votar a reforma da Previdência.”

Diante da fratura exposta pelo PSDB, Aloysio apresentou a Temer a ideia de renovar o Ministério em dezembro, substituindo os nomes que, a exemplo dele, estão dispostos a concorrer no ano que vem. O chanceler confirmou ao Estado que será candidato à reeleição ao Senado.

Além de condicionar a manutenção dos aliados na Esplanada à aprovação da reforma da Previdência na Câmara, o movimento foi planejado para que o Planalto não ficasse em posição reativa. Com tudo combinado, o então ministro das Cidades, Bruno Araújo (PE), saiu na frente e na segunda-feira entregou uma das mais cobiçadas cadeiras da Esplanada. Para o seu lugar, o nome mais cotado, até agora, é o do presidente da Caixa, Gilberto Occhi, indicado pelo PP. Em entrevista ao Estadão/Broadcast ontem, Occhi desconversou: “Prefiro ficar na Caixa e concluir esse trabalho. Mas, se for inevitável .... ”.

 

Debandada. Antes da viagem a quatro países, Aloysio Nunes disse a amigos que também deixaria o cargo após a convenção do PSDB. Os outros dois ministros do partido que sairão são os baianos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

A pressão de outros aliados, nos últimos dias, fez com que Temer tirasse o “bode da sala” e recuasse da decisão de pedir para que todos os candidatos abrissem mão de suas pastas em dezembro. Agora, a reforma ministerial será feita em duas etapas, uma até 20 de dezembro e outra no fim de março ou começo de abril de 2018, quando quem vai disputar as eleições precisa se desincompatibilizar. Dos 28 ministros, pelo menos 17 vão concorrer no ano que vem.

A sugestão do ministro das Relações Exteriores para que Temer trocasse os ministros candidatos em dezembro foi revelada pelo titular da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em um post no Twitter. O peemedebista ainda criticou essa intenção ao afirmar que a ideia era “útil ao País, nem tanto ao governo.” A “inconfidência” de Moreira não só contrariou Aloysio Nunes como causou mal-estar no Planalto.

Na semana passada, o núcleo político do governo também avalizou a decisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de destituir seu colega Tasso Jereissati (CE) do comando do partido, substituindo-o pelo ex-governador Alberto Goldman. No diagnóstico dos tucanos da “ala Jaburu”, Tasso sempre agiu para ser candidato à sucessão de Temer e era preciso “cortar as suas asas”.

Nesse jogo, o Planalto apoia o governador Marconi Perillo (GO), que vai disputar com Tasso a presidência do PSDB. Interlocutores de Temer dizem que, se Tasso vencer esse embate, não haverá espaço para uma parceria do PMDB com os tucanos, em 2018. Apesar do racha escancarado pelo PSDB, o governo espera uma “separação amigável”, e não um divórcio litigioso.

Na avaliação de Aloysio Nunes, setores do PSDB se esquecem de que “quem demonstrou habilidade política para resistir ao bambuzal de flechadas e conduzir a recuperação da economia terá considerável poder de mobilização eleitoral”. O chanceler foi um dos ministros que mais ajudaram o governo a angariar votos na Câmara para derrubar as duas denúncias apresentadas contra Temer pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, autor da expressão “flechadas”.

“O PSDB nunca precisou de cargos para votar a favor da reforma da Previdência”, afirmou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do partido à Presidência.

 

Cerimônia. O ministro Antonio Imbassahy (Governo) e o presidente Michel Temer participam de evento do Sebrae em Brasília

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Candidaturas 'alternativas' dão a largada

Marianna Holanda

17/11/2017

 

 

 

Pré-2018/ Partidos buscam aumentar o cacife e lançam nomes próprios ao Planalto nos próximos dias

 

 

Foi aberta a temporada de lançamentos de candidaturas “alternativas” à Presidência. O PCdoB, o Novo e o PSC vão anunciar, oficialmente, neste fim de semana, seus précandidatos ao Planalto em 2018. Nem os partidos nem os nomes que serão lançados – respectivamente, Manuela D’Ávila, João Amoêdo e Paulo Rabello de Castro – figuram em posições de destaque nas pesquisas de intenção de voto, mas procuram ganhar musculatura política a tempo da formação dos palanques dos favoritos.

Hoje, o evento da filiação do ex-atacante da seleção brasileira Bebeto ao Podemos servirá também como mais uma agenda para “apresentar” o senador Álvaro Dias (PR), presidenciável do partido. Desde que sua pré-candidatura foi lançada, em julho, o parlamentar já esteve em cinco Estados acompanhando os candidatos aos governos locais.

Segundo a deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, o partido tem conversado com siglas pequenas, como PRP e PTC, e médias, como a Rede.

“A gente está procurando fazer uma coligação majoritária. O conceito político do Podemos é muito parecido com o da Rede”, disse a deputada.

A Rede, apesar de não ter lançado oficialmente sua chapa, já tem um nome para a Presidência: a ex-ministra Marina Silva, candidata e terceira colocada nas duas últimas eleições.

 

Vice. Sobre a possibilidade de entrar na disputa pela Vice-Presidência, contudo, Renata é categórica. “Nós do Podemos não abrimos mão da candidatura do Álvaro, não vamos ser vice.”

Amanhã será a vez de o PSC lançar, em Salvador, o seu nome para a disputa. Com a saída já dada como certa do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para o Patriota, o PSC espera aumentar o passe para 2018 com o lançamento do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, para a Presidência. Filiado ao PSC desde outubro, o economista é bem visto pelo mercado e vai estrelar o programa da sigla na TV na próxima semana.

Também amanhã, o partido Novo anuncia sua estreia em eleições majoritárias. Lançado há dois anos, o partido fará um evento em São Paulo, em que será apresentada a candidatura do seu fundador, João Amoêdo. O empresário vem ensaiando o discurso de candidato. Ontem, no Twitter, afirmou que “o Estado não tem que perder tempo administrando empresa de petróleo”.

 

Esquerda. Com o PT desde 1989, o PCdoB decidiu lançar um nome próprio ao Planalto: a deputada estadual Manuela D’Ávila (RS). Sua candidatura será anunciada na convenção nacional do partido, neste fim de semana. No evento, estarão presentes pré-candidatos mais bem posicionados em pesquisas: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT). Apesar de Manuela negar a possibilidade de integrar uma chapa como vice, membros do próprio PCdoB a veem como um bom nome para compor uma chapa ao lado de Lula./ / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

 

Na disputa. O senador Álvaro Dias (PR) é potencial presidenciável pelo Podemos

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FHC afirma ter medo da direita e de Bolsonaro

Cláudia Trevisan

17/11/2017

 

 

 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem que não pode descartar a possibilidade de o Brasil repetir a experiência italiana depois da Operação Mãos Limpas e eleger um presidente de direita similar a Silvio Berlusconi na esteira da Lava Jato. Sem citar nomes, ele deixou claro que considera o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a principal ameaça.

“Eu não quero entrar em detalhes, mas há pessoas da direita que são pessoas perigosas”, disse FHC em evento na Universidade Brown, nos Estados Unidos. “Um dos candidatos propôs me matar quando eu estava na Presidência. Na época, eu não prestei atenção. Mas hoje eu tenho medo, porque agora ele tem poder, ainda não, ele tem a possibilidade do poder.”

Em entrevista à Band em 1999, Bolsonaro afirmou que seria impossível realizar mudanças no Brasil por meio do voto. “Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”, disse.

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Deputados querem acabar com aposentadoria de cassados

Daiene Cardoso

17/11/2017

 

 

Parlamentares da oposição vão aproveitar a retomada da discussão da reforma da Previdência para tentar mudar as regras de aposentadoria para deputados cassados. Na avaliação deles, se o parlamentar cometeu crime durante o exercício do mandato, mesmo que tenha contribuído para o sistema especial de aposentadoria, deveria ser punido com o ressarcimento aos cofres públicos e com a perda do direito de receber o benefício no futuro.

Como o Estado revelou ontem, a Câmara paga aposentadorias de até R$ 23.344,70 por mês para deputados cassados. Nove parlamentares que perderam o mandato por envolvimento em esquemas de corrupção ou improbidade administrativa recebem os pagamentos mensais – o valor mais baixo é de R$ 8.775,38.

A oposição diz que a concessão de aposentadoria a cassados é “imoral”, mas reconhece que a discussão para mudar o benefício pode esbarrar no direito adquirido de quem contribuiu com a previdência especial. “Esse tema merece ser tratado à luz das discussões sobre a Previdência. Já que o governo quer retomar o assunto e, alegadamente para combater supostos privilégios, também essa questão da previdência parlamentar tem de ser colocada”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) pretende se reunir com colegas para discutir qual será a melhor estratégia para aprovar uma medida que acabe com o benefício para deputados cassados. “Pagar alguém que transgrediu o mandato? Ele acabou tendo um benefício. Parece que é uma premiação para o crime que cometeu. Isso é imoral”, afirmou a deputada, que aderiu ao programa de previdência.

O deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), que também paga o plano de previdência, lembrou que o prazo para apresentação de emenda à PEC já expirou e que qualquer iniciativa de mudança no texto precisará de pelo menos 171 assinaturas. Para Pereira, é preciso incluir outros agentes públicos em situações parecidas, como, por exemplo, juízes acusados de corrupção./ COLABOROU IDIANA TOMAZELLI