O globo, n.30742 , 07/10/2017. PAÍS, p.4

Áudios indicam pagamento de R$ 6 milhões a ministro de Temer

 

 

Nova gravação mostra Joesley negociando repasse com Marcos Pereira

Novos áudios entregues por delatores da JBS ao Ministério Público Federal (MPF) mostram indícios de que os empresários pagaram propina de R$ 6 milhões ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB). Outra gravação traz ainda conversas sobre suposto pagamento de R$ 12,3 milhões ao marqueteiro do senador Aécio Neves (PSDBMG), Paulo Vasconcelos, de forma ilegal. Os áudios foram obtidos pela revista “Veja”.

Uma das gravações revela Joesley negociando o repasse do dinheiro com o ministro do governo de Michel Temer. Na conversa, Pereira diz estar muito feliz no governo quando o empresário começa a falar dos pagamentos.

Ainda de acordo com a reportagem da “Veja”, Joesley disse aos procuradores que pagou propina para conseguir um empréstimo de R$ 2,7 bilhões na Caixa Econômica Federal ainda no governo de Dilma Rousseff. Na época, o empresário foi procurado por Antônio Carlos Ferreira, vice-presidente do banco, que ocupava o cargo por indicação do PRB, o partido do ministro.

Em outro áudio também obtido pela revista, o executivo da JBS Ricardo Saud conversa com Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, sobre as preocupações do grupo empresarial com pagamentos de caixa dois feitos ao marqueteiro Paulo Vasconcelos, que comandou a campanha do senador tucano à Presidência em 2014. Segundo Saud, a JBS, uma das empresas do grupo J&F, pagou R$ 12,3 milhões ao marqueteiro. Apesar de Vasconcelos ter emitido notas fiscais em favor da JBS, nenhum serviço teria sido prestado em contrapartida para a empresa.

Em nota, Aécio afirmou que outras gravações mostram que Andrea Neves, irmã do senador, procurou Joesley “para tratar da venda de um apartamento da família”. Aécio disse que “isso comprova que os delatores mentiram”. Para Aécio, gravações apresentadas anteriormente “foram induzidas e manipuladas”.