O Estado de São Paulo, n. 45323, 19/11/2017. Política, p.A8

 

 

 

 

 

Sem alarde, Alckmin costura alianças

Fiel ao estilo de ‘jogar parado’, governador avança nas negociações com partidos aliados

Por: Pedro Venceslau / Adriana Ferraz

 

Pedro Venceslau

Adriana Ferraz

 

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tem mantido uma agenda discreta de viagens pelo Brasil, mas é hoje o pré-candidato à Presidência da República que mais avançou nas articulações com outros partidos para montar seu palanque. Fiel ao seu estilo de “jogar parado”, o tucano já construiu pontes com pelo menos sete legendas: PV, PTB, PSB, PPS, PHS, PP e DEM.

Enquanto Alckmin se aproxima de seus aliados de São Paulo no plano nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê até o parceiro histórico PCdoB lançar uma candidatura própria, enquanto Ciro Gomes (PDT) rejeita uma aliança. Já Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC) estão isolados em suas respectivas legendas.

Um passo importante foi dado por Alckmin no dia 11, durante um churrasco em Capão Bonito, no interior de São Paulo, na fazenda do deputado federal Guilherme Mussi, presidente do diretório paulista do PP. Mussi comemorou o aniversário com uma grande festa que possibilitou mais um encontro entre o governador e o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI).

Os dois já haviam conversado pessoalmente em agosto, quando Mussi promoveu um jantar em Brasília para o governador estreitar suas relações com a bancada federal da sigla no Congresso – hoje uma das mais fortes do bloco partidário informal classificado como Centrão.

Nas duas últimas eleições, o PP (futuro Progressistas), esteve em lado oposto ao do PSDB, no palanque petista. De meados do ano para cá, o tucano intensificou a aproximação a partir de reuniões fora da agenda com lideranças locais e nacionais.

 

Vice. Após a conversa no dia 11, da qual fizeram parte outros líderes do PSDB, dirigentes do PP passaram a ventilar a hipótese da senadora Ana Amélia (PP-RS) se candidatar como vice de Alckmin no ano que vem.

O nome da senadora ganhou força como uma boa opção especialmente se Lula for candidato em parceria com Manuela d’Ávila (PCdoB-RS) – possibilidade levantada por petistas. “Sou um entusiasta de uma eventual chapa Geraldo Alckmin e Ana Amélia, que eu acho possível, mas a decisão não é minha”, disse Mussi.

Ao Estado, Ana Amélia diz desconhecer qualquer costura nesse sentido, mas afirmou que se sente honrada em ter sido lembrada para desafio tão “extraordinário”.

Aliados de Alckmin avaliam que oferecer a vaga de vice a uma mulher é estratégia acertada, mas a escolhida não necessariamente deve sair da região Sul. Para boa parte dos apoiadores do governador, a chapa deve ser formada com uma representante do Nordeste, onde o eleitorado do tucano ainda é muito discreto e Lula, caso candidato, tem ampla vantagem.

Nesse cenário, o nome que surge é o de Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos. Em um esforço para se manter próximo do PSB, que tem demonstrado boa vontade como projeto presidencial de Alckmin, o governador paulista embarca hoje para Recife, onde deve se encontrar com Renata e outras lideranças pessebistas.

No PSB, o principal entusiasta da candidatura de Alckmin é o vice-governador Márcio França, secretário-geral da sigla. A legenda, porém, também sinalizou interesse em lançar o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa.

Na busca por assegurar de antemão apoio de aliados históricos de sua gestão estadual, Alckmin também mantém conversas com o PPS de Roberto Freire.

Na semana passada, Freire, em entrevista ao Estado, disse que é preciso discutir uma candidatura única das forças que fizeram oposição “aos governos lulo-petistas”. Segundo o deputado, Alckmin pode ser um dos nomes para representar essa unidade. Mas o PPS não descarta encampar eventual candidatura do apresentador e empresário Luciano Huck, optando pelo “novo”.

O PV, presidido por José Luiz Penna, secretário de Meio Ambiente de Alckmin, e o PHS também orbitam na área de influência do governador.

 

BNDES

Paulo Rabello de Castro, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi apontado ontem, em Salvador, como pré-candidato à Presidência pelo PSC.

 

 

 

 

 

Lula articula chapa para o Senado com Suplicy e Haddad

Proposta foi apresentada pelo ex-presidente ao vereador e ao ex-prefeito de SP durante reuniões na semana passada
Por: Ricardo Galhardo

 

Ricardo Galhardo

 

O PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estudam lançar uma chapa para as eleições de 2018 em São Paulo com o ex-prefeito Fernando Haddad e o vereador Eduardo Suplicy na disputa pelo Senado.

A proposta foi apresentada por Lula e pelo presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, Luiz Marinho, pré-candidato a governador, em reuniões com Haddad e Suplicy na quinta e sexta-feira, respectivamente, na sede do Instituto Lula.

Suplicy gostou. “Ponderei que isso significaria uma força muito grande para o PT, para a candidatura de Lula em São Paulo e para o candidato a governador”, disse. Já o ex-prefeito, segundo relatos, apontou as dificuldades da proposta.

“Falei com o Fernando Haddad hoje (sexta-feira) e ele avaliou que se a Marta (Suplicy, PMDB) for candidata as pessoas podem votar em mim e nela do mesmo jeito que muitos podem votar nele e em outro candidato e é capaz de nós dois perdermos”, afirmou Suplicy.

Encaixar os dois principais líderes do partido em São Paulo na chapa para 2018 tem sido uma das maiores dificuldades de Lula e do PT estadual. A chapa idealizada teria Marinho para governador, Haddad ou Suplicy concorrendo ao Senado e um dos dois na disputa pela Câmara. Ambos são vistos como puxadores de votos em potencial, capazes de ajudar a eleger candidatos do PT a deputado.

Mas nem o vereador nem o ex-prefeito aceitam se candidatar à Câmara. Suplicy chegou a dizer a Lula e Marinho que se não for candidato ao Senado prefere terminar o mandato de vereador, para o qual foi eleito com mais de 500 mil votos, um recorde na cidade.

Já Haddad tem evitado o confronto. O ex-prefeito se comprometeu a apoiar a pré-candidatura de Marinho que, em troca, ofereceu a vaga ao Senado, mas Haddad respondeu que só aceita se houver acordo com Suplicy. Lideranças do PT-SP não descartam a possibilidade de Haddad entrar na disputa pelo governo caso a candidatura de Marinho não decole.

 

I.R. Num ato como pré-candidato do PT à Presidência, Lula disse ontem, em Diadema (SP), que “salário não é renda” e, portanto, o “povo” não deve pagar Imposto de Renda sobre seus vencimentos. Para o petista, a tributação deve recair sobre os “ricos”.

“Salário não é renda, portanto o povo não tem que pagar Imposto de Renda sobre salário. Quem tem que pagar Imposto de Renda é rico”, afirmou o ex-presidente, sem dar detalhes.

Lula fez comentário imediatamente depois de prometer revogar feitos da gestão Michel Temer como a mudança do modelo de concessão do pré-sal. “Eu vou voltar e se eu ganhar a gente vai revogar tudo isso”, disse.

Lula participou de um ato em comemoração aos 35 anos da vitória do PT na eleição para a prefeitura da Diadema, em 1982, quando o partido tinha apenas um ano de existência e ocupou pela primeira vez a chefia de um Executivo.

 

Força

“Significaria uma força grande para a candidatura de Lula em SP, o PT, e para o candidato a governador.”

Eduardo Suplicy (PT)

VEREADOR DE SÃO PAULO