O Estado de São Paulo, n.45332 , 28/11/2017. Economia, p.B7

 

 

 

 

 

Governo tenta salvar PDV de servidores

Medida provisória que cria plano de demissão para o funcionalismo caduca hoje sem ser votada; estratégia, agora, é enviar projeto de lei

Por: Igor Gadelha / Lorenna Rodrigues,

 

Igor Gadelha

Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

 

Câmara. Deputados querem criar um novo programa de parcelamento tributário, com benefícios a grandes devedores

 

Sem conseguir mobilizar a base para aprovar as propostas a tempo, o governo deve enviar projetos de lei (PLs) para substituir algumas das cinco medidas provisórias (MPs) que caducam hoje. Um deles vai substituir a MP que criou o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) para servidores do Executivo federal. A bancada ruralista também negocia um PL para substituir a MP do Funrural, que também caduca nesta terça-feira.

A caducidade da MP do PDV interrompe um processo que já está em curso. Desde a edição da medida, o programa de desligamento estava aberto, mas o governo não informou quantos servidores aderiram ao programa. O Executivo esperava economizar R$ 1 bilhão em 2018 com esses desligamentos, valor que deverá cair muito, uma vez que não há previsão para que o projeto seja aprovado e o prazo de adesão ao programa, reaberto.

A estimativa do governo era de que cerca de 5 mil funcionários aderissem ao programa de demissão voluntária. Como incentivo, os servidores receberão 1,25 salário por ano trabalhado, benefício que deverá ser mantido no projeto de lei. O novo projeto também deverá trazer a licença incentivada sem remuneração e a redução da jornada de trabalho de 8 horas diárias para 4 ou 6 horas, benefícios que também foram criados pela medida provisória

Na redução da jornada de trabalho, o servidor receberá o pagamento adicional de meia hora diária, além de poder acumular outra atividade profissional com o serviço público. A licença sem remuneração será incentivada com o pagamento de três salários do servidor. O afastamento será de três anos, podendo ser prorrogado por mais três a pedido do funcionário.

 

Funrural. A bancada ruralista trabalha com duas alternativas para substituir a MP do Funrural, espécie de contribuição previdenciária que incide sobre a receita da comercialização da produção. Relatora da MP, a deputada Tereza Cristina (sem partido-MS), diz que a alternativa mais provável deve ser um projeto de lei, uma vez que o governo já avisou que não deve editar uma nova MP. “Seria basicamente meu relatório (da MP) com algumas alterações”, disse.

Deputados querem aproveitar esse projeto do Funrural para incluir a criação de um novo programa de parcelamento tributário (Refis), com regras mais benéficas para grandes devedores. A articulação é para que o programa tenha os mesmos descontos em juros (90%) e multas (70%) previsto no último Refis, mas preveja entrada com valor menor para empresas e contribuintes que devem mais de R$ 15 milhões.

No último Refis, contribuintes com dívidas acima desse montante tinham de pagar entrada de 20% sobre o valor do débito. Para aqueles com dívida inferior a esse valor, a entrada era de 5%. “Minha tese é que possam aderir pagando só 5%. Queremos condições iguais”, disse o deputado Alfredo Kaefer (PSL-PR), um dos articuladores da proposta.

Entre as demais MPs que caducam hoje, uma cria a Agência Nacional de Mineração, extinguindo o Departamento Nacional de Produção Mineral, e outra altera o Código de Mineração. A MP 788 trata da restituição de valores creditados em instituição financeira por ente público em favor de pessoa falecida. / COLABORARAM RENAN TRUFFI E IDIANA TOMAZELLI

 

 

 

 

 

Deputados querem refis para micro e pequenas empresas

Por: Igor Gadelha

 

Sem alarde, deputados articulam nos bastidores a votação, ainda este ano, na Câmara, de um projeto que cria um programa de parcelamento de dívidas tributárias para micro e pequenas empresas. A proposta prevê abatimento de até 90% nos juros e multas para esses devedores, desconto mais generoso do que o dado pelo último Refis para grandes empresas.

Os parlamentares tentarão aprovar um substitutivo a um projeto de Lei Complementar de 2015, de autoria do deputado Geraldo Resende (PMDB-MS). A proposta original prevê apenas parcelamento de débitos de micro e pequenas empresas em até 180 meses. O novo texto, que está sendo elaborado pelo deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), deve manter esse prazo e incluir os descontos de 90% em juros e multas e de 100% nos encargos.

O novo texto deve ser votado no plenário, sem passar pelas comissões. Na última quarta-feira, deputados aprovaram requerimento dando regime de urgência para tramitação do projeto. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já incluiu o projeto na pauta de votações do plenário desta semana.

Parlamentares envolvidos nas negociações dizem que o governo, que busca votos para aprovar a reforma da Previdência, vai apoiar à proposta. / IGOR GADELHA