O Estado de São Paulo, n. 45331, 27/11/2017. Economia, p. B3.

 

​Correios fazem novo PDV para cortar custos

Eduardo Laguna

27/11/2017

 

 

Meta com o novo plano de demissão voluntária é fechar mais 5,46 mil vagas, o que proporcionaria uma economia mensal de R$ 54,5 milhões

 

 

Os Correios fazem uma nova tentativa de reduzir o quadro de pessoal. Na quinta-feira, foi aberto um novo programa de demissões voluntárias (PDV) para enxugar ainda mais sua folha de pagamento, após o plano de incentivo a desligamentos realizado no primeiro semestre ter terminado com adesões inferiores à meta da companhia. O novo prazo de adesões vai até 29 de dezembro, último dia útil do ano.

O objetivo deste novo plano, aprovado em agosto pela diretoria executiva da estatal, é fechar 5.460 vagas. Se o número for confirmado, isso significará uma economia mensal de R$ 54,5 milhões com pagamento de salários. Só entre carteiros, os Correios pretendem tirar 2 mil profissionais das ruas.

Com o PDV realizado no primeiro semestre, quando as adesões chegaram a 6,26 mil, os Correios já tinham conseguido enxugar em R$ 68,6 milhões os gastos mensais com o efetivo. Apesar do grande número de funcionários que aderiram ao plano, o total ficou abaixo da meta da estatal, que, em grave crise financeira, pretendia cortar na ocasião 8,2 mil empregados e enxugar a folha em R$ 72,9 milhões por mês.

Ao reeditar o programa, os Correios poderão ampliar para 10% o corte de um quadro que, antes dos PDVs, somava aproximadamente 117 mil pessoas.

 

Novos parâmetros. Para atingir um público maior, a empresa retirou a exigência de idade mínima de 55 anos dos últimos PDVs, permitindo agora a adesão a todos os empregados com pelo menos 15 anos de trabalho na companhia de serviços postais. É oferecido como incentivo aos pedidos de demissão uma indenização calculada de acordo com os proventos recebidos nos últimos cinco anos – incluindo não só salários, mas também gratificações e complementos salariais – e o tempo de serviço do funcionário.

A ideia inicial da empresa era reabrir o PDV em setembro, mas o plano foi adiado em razão da greve deflagrada pela categoria em todo o País durante a campanha salarial. Ao confirmar em nota a abertura do que chama de novo ciclo do Plano de Desligamento Incentivado (PDI), os Correios atribuem a medida à necessidade de "acertar as contas".

 

Privatização. Por conta da situação financeira difícil, Em situação financeira difícil, o governo estuda até a possibilidade de privatizar os Correios. Em setembro, o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, disse que ideia estava em estudos, embora devesse ser feita com cuidado. “A situação financeira, pelas informações que o (Ministério do) Planejamento tem e nos passa, é muito difícil”, disse o ministro. “Até porque do ponto de vista tecnológico, há quanto tempo você não manda um telegrama, as pessoas perderam muito o hábito do uso da carta”, afirmou. Segundo o ministro, a tendência é dos Correios passarem a atuar no setor de logística.

 

Mudança. Antes, só servidor com 55 anos de idade poderia aderir a PDV, agora aberto a quem está nos Correios há 15 anos

 

PARA LEMBRAR

Enxugamento nas estatais

Com o orçamento apertado e despesas de pessoal cada vez mais pesadas, o governo federal desligou mais de 50 mil funcionários das estatais nos últimos anos com programas de demissão voluntária e aposentadoria incentivada. Entre as companhias afetadas pelos programas, estão Petrobrás, Eletrobrás, Dataprev, Correios e Banco do Brasil. Na média, os programas autorizados pelo Ministério do Planejamento representaram cerca de 75% do público-alvo nos últimos anos, definido pelos servidores que atendem às condições de ingressar nos planos.