Título: Armadilhas no Congresso esta semana
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2012, Política, p. 2/3
Apesar de continuarem desconversando e minimizando a crise instalada entre o Palácio do Planalto e sua base aliada, as novas lideranças se preparam para seguir apagando o fogo no Congresso Nacional durante a semana. O novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), tem reuniões marcadas com integrantes do PMDB a partir de hoje. Na Câmara dos Deputados, o desafio é a Lei Geral da Copa, que será votada no plenário amanhã.
Vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF) garante que as reuniões com os peemedebistas em nada têm a ver com a crise na base aliada. "Na política temos que conversar todo dia", despista. Mas confirma que os primeiros da agenda devem ser integrantes do PMDB, cujos nomes preferiu não revelar.
Na agenda da semana no Senado, está a Medida Provisória 547/1, que tranca a pauta e perde validade na terça-feira. Gim Argello acredita que será aprovada sem sustos. "Será uma semana tranquila. Já está tudo organizado e já conversamos com o (relator Cassildo) Maldaner", garante. A MP cria a Política Nacional de Proteção à Defesa Civil.
Na Câmara, a votação de mais destaque será a da Lei Geral da Copa, que, depois dos desentendimentos entre Planalto e Congresso, será levada para votação com a redação do texto original, que foi encaminhado pelo Executivo. Na última semana, após uma reunião de líderes com assessores da Casa Civil e com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, parlamentares governistas disseram que o Brasil não havia firmado compromisso com a Fifa de liberar a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa do Mundo. Horas depois, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, soltou uma nota, reforçando o compromisso com a Fifa e desmentindo os deputados.
Segundo o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, os problemas com os aliados não dificultarão a aprovação do projeto conforme quer o governo. "A base reclama desde quando existe a República. A nossa é ampla, é grande, e estamos conversando bastante com todos os partidos aliados, unidos ao governo", ponderou.
"Ajustes" Sobre a relação com o PMDB, partido cujos deputados soltaram um manifesto há duas semanas reclamando da relação com o governo, Tatto acredita que é apenas uma questão de "fazer uns ajustes". Segundo ele, existe um interesse por parte da legenda de que o Código Florestal seja votado logo e, se for feita uma agenda para votá-lo, a questão se resolve "inclusive com a oposição".
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno, não vê tanta calmaria para os próximos dias. "Essa trapalhada com a questão da bebida nos estádios foi o recuo do recuo de um governo que não tem nem confiança entre si e provoca desconfiança em todo o resto da base aliada. Da oposição então, não precisa nem dizer", critica. Nesse ponto, o PPS votará pela proibição da venda de bebidas.
A encrenca pode ficar ainda maior. Conforme adiantou o Correio, PTB e PSC estudam deixar a base aliada também. Eles devem se reunir na terça-feira para tomar uma decisão.