Valor econômico, v. 18, n. 4383, 17/11/2017. Política, p. A7.

 

 

Deputados estaduais devem livertar hoje Picciani no Rio

Rodrigo Carro

17/11/2017

 

 

Mesmo entre os parlamentares de oposição, a expectativa é de que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) reverta hoje a prisão do presidente da Casa, Jorge Picciani, e de seus colegas Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB, na sessão extraordinária marcada para as 15h. Para rever a decisão, é necessária uma maioria qualificada de 36 votos entre os 70 parlamentares. Esse é o patamar mínimo necessário de votos para que a decisão unânime dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) seja revista.

"A expectativa, diante do resultado de votações recentes, é de que a Assembleia adote uma posição contrária à prisão dos parlamentares", admitiu um deputado de oposição que pediu para não ter seu nome divulgado.

Está agendada uma reunião às 13h da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que irá votar um parecer a respeito do tema. O presidente da CCJ na assembleia é o deputado Edson Albertassi, que está preso, e por isto será substituído por Chiquinho da Mangueira, do Podemos. Após a votação do parecer pela comissão, será a vez do plenário decidir sobre a prisão dos três parlamentares.

Com Picciani encarcerado, a sessão deverá ser presidida pelo primeiro secretário da Mesa Diretora da Assembleia, deputado licenciado Wagner Montes (PRB), que até o fim da tarde de ontem estava fora do país. Caso não consiga voltar a tempo, Montes seria substituído pelo petista André Ceciliano, segundo secretário da mesa. Na tarde de ontem, líderes da base governista se reuniram a portas fechadas para discutir os próximos passos da assembleia com relação às prisões de Picciani, Albertassi e Melo.

"As denúncias me parecem bastante consistentes", disse o deputado de oposição Flavio Serafini, um dos vice-líderes do Psol, referindo-se à denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. Pelos cálculos de Serafini, a oposição tem pelo menos 16 votos na casa, podendo chegar a 26. Ainda assim, sobrariam, em tese, 44 votos, número mais que suficiente para rever a decisão do TRF2. "Mas nós entendemos que esse não é um tema que divida o plenário necessariamente entre governo e oposição", argumenta o parlamentar do Psol.

Está prevista para hoje, a partir do meio-dia, uma manifestação no Centro do Rio de Janeiro contra o PMDB, partido que governo o Estado há mais de 12 anos. O protesto foi convocado por meio da internet. Apesar da tendência de um aumento da pressão popular, o resultado da votação dificilmente será desfavorável a Picciani. "O governo tem maioria. E, com a volta de alguns secretários para a Assembleia, essa maioria ficou ainda mais consolidada", resume outro deputado que faz oposição.

Contrário ao governo do pemedebista Luiz Fernando Pezão, o PSDB vai sua bancada amanhã para discutir uma posição. "É um momento absolutamente delicado. Nunca imaginei que iria passar por um momento como este", disse o tucano Carlos Osorio, sem adiantar qual será seu voto na sessão extraordinária de hoje. Líder do partido na Assembleia, o tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha também preferiu não antecipar qual será a sua posição.