Título: Produtividade em ritmo lento
Autor: Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2012, Economia, p. 8

A área plantada de transgênicos vem crescendo de forma acelerada no Brasil e o país já ocupa a vice-liderança mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, que os cultivam em área de 69 millhões de hectares. No ano passado, o país alcançou 30,3 milhões de hectares, mais da metade dos quase 50 milhões de hectares de área cultivada.

Segundo levantamento feito pelo Serviço Nacional para a Aquisição de Ampliações em Agrobiotecnologia (Isaaa), o avanço dos transgênicos foi de 19,3% na comparação com 2010. Já a produtividade no campo, conforme dados do Ministério da Agricultura, aumentou em ritmo bem mais lento, de 1,9%, no mesmo período, enquanto a ampliação da área cultivada foi de apenas 0,2%.O engenheiro agrônomo Fluvio Milanez afirma que a biotecnologia vem se consolidando no mercado de sementes transgênicas, e, para isso ocorrer, são investidos algo em torno de R$ 8 milhões para cada semente estudada.

Na avaliação de Milanez, com custos menores de produção e escala maior, graças aos ganhos de produtividade, haverá alimentos mais baratos à mesa do consumidor. "Precisamos considerar também que esses produtos estão menos agressivos à saúde, ou seja, com menos pesticidas", conclui. Antes de um produto transgênico ser liberado para o consumo, a Comissão Técnica de Biossegurança (CTNbio), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, precisa diagnosticar se ele não oferece riscos à saúde humana, animal ou ao meio ambiente. "Se o alimento é livre de toxinas e não possui efeitos danosos à saúde, pode ser comercializado", explica o coordenador geral da Secretaria Executiva do CTNbio, Rubens Nascimento. O uso de sementes transgênicas ocorre desde 1994 e Nascimento assegura que não houve até agora registro de problemas. (ACD)

Ambientalistas

Os ambientalistas criticam a justificativa usada para o investimento nas sementes transgênicas. "Criam produtos com propriedades diferentes às encontradas na natureza. E, para piorar, ainda não foram feitos testes suficientes para comprovar que essa manipulação genética não tem efeito nocivo à saúde humana e ao meio ambiente", defende o gestor ambiental da Associação Nacional dos Gestores Ambientais (Anagea), João Paulo Rodrigues.