Correio braziliense, n. 19948, 04/01/2018. Opinião, p. 13
A educação no desenvolvimento nacional
Antonio Oliveira Santos
04/01/2018
Na década de 1970, um grupo de economistas do Massachussets Institute of Technology, o famoso MIT, baseado em longas séries históricas tratou de decompor as taxas de crescimento da economia dos Estados Unidos para determinar a influência do fator trabalho e do fator capital na composição dessas taxas. Esse ensaio econométrico, liderado por Robert Solow, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Economia em 1987, chegou à conclusão que o ritmo expresso na taxa de crescimento não encontrava a totalidade da sua explicação no uso combinado do capital e do trabalho, na produção de bens e prestação de serviços.
Havia uma fração da taxa, um resíduo, que só poderia ter explicação na qualificação das pessoas que compõem a força de trabalho. A partir daí, é o elemento educação dos povos que explica essa fração da taxa de crescimento econômico antes não identificada. Essa, em síntese a hoje denominada Teoria do Resíduo, que põe em relevo a educação como força motora do desenvolvimento econômico e social.
Em que pese o discurso dos nossos governantes em favor da educação como gasto de investimento, se tomamos como referência para comparação de tais gastos com outros países, os dados providos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para um conjunto de 36 países, nossa posição não é nada animadora.
Considerados os investimentos em dólares por aluno, nos três níveis de ensino, fundamental, médio e superior, o Brasil está apenas acima da Indonésia. Com um dispêndio anual de pouco mais de 3 mil dólares por aluno/ano, o valor corresponde a 1/3 do gasto médio do conjunto dos 36 países e 1/5 da Suíça, o país que mais investe em educação.
Outro modo de ver os gastos com educação na perspectiva da OCDE é comparar o salário inicial pago ao professor do ensino médio. Neste tema, o Brasil é o último da lista com um salário anual de 10.375 dólares. (...)
O investimento na educação brasileira é, sabidamente, insuficiente em termos de percepção e resultados, como se vê pelas comparações internacionais, clara explicação do lamentável estado das finanças públicas. Governar implica fazer escolhas, e, na hora da verdade, a contenção de gastos com o intuito de conter a expansão exponencial de dívida pública incide fortemente sobre o sistema educacional e das pesquisas.
Neste momento em que o tema da desigualdade na distribuição da renda nacional está na pauta do dia, vale lembrar que as diferenças entre as classes de renda alta, média e baixa decorrem, em larga medida, do nível de educação formal da população. Como é possível constatar nas avaliações sobre a qualidade do ensino no Programa Internacional de Avaliação do Estudante, o Pisa, em 2016, entre 65 países, o Brasil se classificou na 54ª posição, o que contrasta, negativamente, com a imagem projetada pelo país no cenário econômico internacional.