Na esteira da retomada cíclica da atividade econômica, a produção industrial aumentou entre setembro e outubro, segundo analistas. De acordo com a estimativa média de 18 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) cresceu 0,3% em relação a setembro, na série com ajuste sazonal.

Se confirmado o resultado, será a segunda alta consecutiva do setor, já que houve crescimento de 0,2% em setembro em relação a agosto. As projeções, no entanto, apresentam um nível alto de dispersão, variando desde queda de 0,1% até alta de 0,8%. O número oficial será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As vendas do início do ano reduziram os estoques da indústria, que agora dá início à recomposição e também trabalha para abastecer uma demanda que começa a surgir", diz Rafael Leão, economista-chefe da Parallaxis, para quem o setor apresentou alta de 0,4% em relação a setembro e de 5,7% na comparação com outubro do ano passado.

Segundo Leão, diversos indicadores antecedentes apontam para um crescimento da produção industrial de outubro quando comparados com o mesmo mês de 2016: fluxo de veículos pesados (8%), expedição de papel ondulado (8,5%), produção de veículos e máquinas agrícolas (40%) e carga de energia do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS, 3,3%).

O economista espera alta de aproximadamente 1% da PIM-PF no quarto trimestre. "Deve ser um desempenho mais disseminado, menos concentrado do que nos outros trimestres", diz. Em outubro, por exemplo, ele calcula que setores como alimentos e bebidas, eletrodomésticos, móveis e indústria extrativa apresentem alta.

Leão diz que é o consumo que vem puxando a recuperação das fábricas, ilustrado pela melhora dos índices de confiança dos empresários industriais. A desalavancagem das famílias, segundo ele, vem permitindo que as pessoas voltem a consumir.

A MB Associados estima crescimento de 0,3% da produção industrial em relação a setembro, com destaque para a indústria automobilística e de bens de capital. "A projeção consolida um quarto trimestre forte com média de crescimento maior do que a do terceiro trimestre (0,9%)", diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria. Se confirmado, o resultado indica também "um Natal forte", com boas vendas, segundo ele.

O Santander, por sua vez, calcula alta de 0,5% do indicador, resultado que manteria "a sequência de boas notícias no campo de atividade", diz a equipe econômica do banco em relatório. Para a instituição financeira, a expansão "de outubro deve ser mais difundida entre os setores" industriais. O UBS espera crescimento de 5,2% em relação ao mesmo mês do ano passado, número que "dá apoio à recuperação econômica".

O Banco Fator estima estabilidade em relação a setembro, mas lembra que a PIM-PF apresentou crescimento nos três trimestres neste ano de 1,42%, 1,05% e 0,9% em relação ao trimestre anterior.

Ainda assim, o resultado do ano precisa ser colocado sob perspectiva, segundo Leão, da Parallaxis, que espera que o setor feche 2017 com alta de 1,9%. "Isso não é quase nada, se pensarmos que houve queda de 6,4% em 2016 e de 8,2% em 2015", diz.