Valor econômico, v. 18, n. 4395, 06/12/2017. Política, p. A6.

 

 

 

Líder do PMDB pede para 'fechar questão'

Raphael Di Cunto, Marcelo Ribeiro e Fabio Murakawa

06/12/2017

 

 

Para desencadear um efeito "manada" nas outras bancadas, o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), pediu ontem ao presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), que reúna a direção nacional da legenda para "fechar questão" a favor da reforma da Previdência. Jucá convocou reunião da Executiva para as 16h de sexta-feira, para discutir a questão. O resultado, contudo, ainda era incerto: os partidos ou disseram que não seguirão esse caminho ou condicionaram a uma data para votar, que não existe hoje.

Presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), mostrou-se pessimista. "Não botem tanta fé nessa história da reforma da Previdência. Tem muita espuma aí. Cuidado com as notícias", disse ao encontrar jornalistas nos corredores do Senado. O DEM não deve fechar questão. O líder na Câmara, Efraim Filho (PB), afirma que trabalhará para construir a maioria no diálogo.

O fechamento de questão é usado pelos partidos para cobrar fidelidade em matérias importantes. Com a decisão conjunta da maioria da Executiva nacional e da bancada no Congresso a favor de um projeto, os parlamentares que votarem contrários poderão ser punidos com sanções que vão do afastamento à expulsão.

O PSDB, que está fora da base, tem reunião hoje, mas os deputados pressionam para adiar a decisão para a véspera da votação. O PRB debateu o tema por mais de três horas ontem, mas decidiu adiar para quando a votação for marcada, mesma posição do PP.

O PSD do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dizia ao longo do dia que não era prática do partido fechar questão. À noite, porém, reavaliava. O líder na Câmara, Marcos Montes (MG), jantaria com o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD). "Não sei qual a posição agora, as coisas estão muito confusas", afirmou. A bancada fará uma nova reunião hoje.

PR, DEM e PTB avisaram o governo que não fecharão questão. Os petebistas orientaram a bancada a votar a favor da reforma, mas sabem que pelo menos três dos 16 deputados votarão contra. No PR, as contas indicam que mais da metade dos deputados são hoje pela rejeição da proposta.

Ainda que ocorra o fechamento de questão, parlamentares lembram que os sete partidos da base, somados ao PSDB, têm 294 votos. Para aprovar a reforma são necessários 308. Com isso, além de apoio em outras siglas, como SD, Pode e PSC, seria necessário 100% de fidelidade nesses partidos - o que nem de longe existe.

O PMDB da Câmara, por exemplo, promete fechar questão hoje, às 16h, a favor da reforma, mas reconhece que nem todos os 60 deputados voariam a favor. "Acredito que, pelo convencimento, vamos ter a grande maioria da bancada a favor da reforma", afirmou o líder da sigla. Nem no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) nem nas duas denúncias contra o presidente Michel Temer, o PMDB votou 100% unido.

Temer receberá os deputados em duas reuniões hoje, um café da manhã e um jantar, para contar os votos conquistados com a nova estratégia e bater o martelo sobre votar ou não a reforma na Câmara na próxima semana. As contas ontem indicavam 170 deputados a favor do projeto e crescia o discurso de que era melhor deixar para fevereiro. O governo pressiona os partidos da base a fecharem questão dizendo que, sem a reforma, o mercado reagirá negativamente e a recuperação da economia será mais lenta.