Correio braziliense, n. 19959, 15/01/2018. Política, p. 3
Já pensou em ser candidato ao Planalto?
Leonardo Cavalcanti
15/01/2018
Os movimentos eleitorais dos políticos dentro dos prédios públicos da Esplanada, incluindo os ministérios e o Congresso, são quase hilários. Explico. Entre os pares e em salas fechadas com ar-condicionado, os nossos representantes se consideram muito mais fortes do que as pesquisas e a realidade mostram.
Como o jogo está embaralhado a partir da terceira posição, há uma certa excitação, afinal, mesmo quem não tem qualquer chance de voto para a disputa pelo Palácio do Planalto pode, em tese, estar tecnicamente empatado com alguém com 4%, pois a margem de erro dos levantamentos são de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Assim, caso você tenha alguma pretensão de comandar o país, pode dizer que, segundo a pesquisa Datafolha de dezembro, estaria no mesmo patamar de Álvaro Dias, Manuela D’Ávila, Michel Temer, Henrique Meirelles, Paulo Rabelo de Castro, Guilherme Boulous e João Amoêdo — Rodrigo Maia, antes que esqueça, não havia sido testado naquele levantamento.
Chiste
Trata-se de um chiste, afinal, é impossível alguém fora do ambiente político pensar numa campanha, com toda as negociatas dos partidos. E, de mais a mais, sim, candidaturas são gestadas assim mesmo, dentro das salas da Esplanada, distantes do eleitor. Mas o fato é que a disputa embolada pelos lugares intermediários estimula candidatos de todas as cores, mesmo que no fundo saibam que têm poucas chances de crescimento.
Mesmo se colocar na conta Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, os dois primeiros colocados, o cenário continua incerto. Enquanto o petista aguarda o julgamento em Porto Alegre para definir as estratégias para a candidatura, o deputado começa a ser exposto e apenas consegue apresentar contradições e grosserias contra repórteres do sexo feminino.
Recursos
Daqui a 10 dias — menos pelo resultado do julgamento, que, tudo indica, será contra Lula e mais pelas reações dos petistas e dos adversários —, o cenário pode ficar um pouco mais claro. Mesmo com o PT prometendo apresentar todos os recursos na tentativa de manter o ex-presidente na disputa, os movimentos começam a acelerar.
Por ora, o que isso significa? O jogo está aberto, ninguém honestamente é capaz de cravar um favorito, mesmo entre os primeiros colocados. Tem certeza de que você não se anima?