O Estado de São Paulo, n. 45312, 08/11/2017. Política, p.A6

 

 

 

 

 

Tasso se lança para disputa no PSDB

Depois de se reunir com o governador de Goiás, Marconi Perillo, senador confirma a aliados que vai concorrer à presidência do partido

Por: Julia Lindner / Renan Truffi

 

Julia Lindner

Renan Truffi / BRASÍLIA

 

O senador Tasso Jereissati (CE) vai lançar oficialmente a sua candidatura à presidência do PSDB em evento marcada para hoje, às 11 horas, no Senado. O evento foi anunciado pelo líder da legenda na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Ontem, Jereissati admitiu a senadores tucanos que vai disputar a vaga do senador Aécio Neves (MG) com o governador Marconi Perillo (GO).

Com o partido dividido, os tucanos tentam convencer um dos dois a desistir da candidatura. Em conversas reservadas, Perillo sugeriu a Tasso que ele deveria disputar o governo do Estado e desistir da eleição para a presidência da sigla. O senador cearense, que preside internamente o PSDB, por outro lado, usa o argumento de que possui a maioria dos parlamentares tucanos ao seu lado.

“Falei com Tasso sobre a importância de construirmos convergências antes da convenção. Temos pensamentos muito próximos, ele mais contundente em alguns pontos, eu, em outros”, declarou Perillo à imprensa depois da reunião. O governador disse que, daqui para frente, fará um “exercício de busca de caminhos para convergência”.

Um dos pontos de divergência entre os dois lados é a permanência ou não do PSDB na base do governo do presidente Michel Temer. “Esse é um tema que precisa ser resolvido, precisa apenas estabelecer critérios e datas”, afirmou Perillo.

Outro ponto de discordância é sobre qual discurso deve ser adotado pelo partido. O grupo de Tasso defende que o PSDB precisa fazer uma autocrítica, o que gera reações negativas dentro de algumas alas do partido. A posição senador é a mesma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que recentemente cobrou uma mudança de postura do partido.

Ontem, Perillo avaliou que é “honesto” o partido dizer que errou “aqui ou acolá”, mas ponderou que prefere falar dos acertos. Para Tasso, o maior foco de divergência é na “ênfase” de cada grupo sobre alguns pontos. “Marconi é mais hábil do que eu. Sou mais enfático e acho que a gente tem que deixar determinadas posições muito bem marcadas diante da oposição pública.”

O senador cearense também defende que haja uma candidatura única até a convenção do partido, em dezembro. “Espero que a gente não tenha nenhuma briga de arranhão, puxar cabelo, nada disso”, brincou. Tasso destacou que ele tem compromisso com uma parcela da legenda que “defende alguns pontos de vista que não são os mesmos defendidos por outras parcelas”.

 

Previdência. O presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves, defendeu ontem durante a reunião da bancada a permanência na base aliada do governo para ajudar a aprovar a reforma da Previdência. Logo depois, Tasso voltou a dizer que Temer perdeu as condições de aprovar a reforma. O presidente interino do PSDB disse que se o peemedebista tivesse saído na primeira denúncia da Procuradoria-Geral da República, há seis meses, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) poderia ter mais chances de aprovar as reformas. “Um governo que está, de alguma maneira, politicamente enfraquecido, com um desgaste gigantesco não tem condições de levar adiante reformas realmente profundas que o País precisa”, disse Tasso.

 

Encontro. Tasso e Perillo posam para fotos após reunião privada no Senado, ontem, em que discutiu a sucessão do PSDB

 

 

 

 

 

Aliado diz que Doria não conclui mandato

Recém-eleito presidente do diretório municipal do PSDB na capital paulista, o vereador João Jorge disse ontem ao Estado que “aposta” que o prefeito João Doria não vai se manter no cargo até o fim do mandato. “Creio que o Doria não fica. O nome dele é cotado para disputar a Presidência da República. Mas também pode ser governador”, afirmou. Questionado sobre se a saída de Doria da Prefeitura não poderia ser prejudicial à sua imagem, Jorge disse acreditar que não.

 

 

 

 

 

Temer não tem como segurar os tucanos

 

Por: João Domingos

 

ANÁLISE: João Domingos

 

Dificilmente o presidente Michel Temer conseguirá segurar no cargo os ministros do PSDB. Não só por causa da pressão do “Centrão”, que quer o PSDB fora e tem mantido bom índice de fidelidade a Temer, mas também porque, se não fizer nada, Temer corre o risco de ser atropelado pelo desembarque tucano.

A rigor, Temer não precisa mais do PSDB, pois já se livrou das duas denúncias do ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Os votos do PSDB foram importantes para mandar as ações para o arquivo, mesmo que o partido não tenha lhe garantido nem a metade deles. Se Temer já não precisa mais do PSDB, o PSDB também não quer mais ser identificado com o governo do PMDB. Como disse FHC em artigo no Estado, os tucanos correm o risco de se tornarem coadjuvantes na eleição presidencial se permanecerem no governo.

Agora que desistiu de aprovar a reforma da Previdência, e passou a tarefa a Rodrigo Maia, Temer sabe que tem condições de sobreviver até o fim do mandato só com a parceria dos partidos que se mantiveram fiéis e estão de olho nos ministérios dos tucanos.

 

 

 

 

Cármen procura parlamentares para discutir ‘supersalários’

Presidente do Supremo quer manter auxílios a juízes que atuam em condições insalubres ou em locais de difícil acesso
Por: Rafael Moraes Moura / Julia Lindner / Breno Pires,

 

Rafael Moraes  Moura

Julia Lindner

Breno Pires / BRASÍLIA

 

Em meio às discussões para tentar limitar os supersalários nos três Poderes, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, tem demonstrado preocupação com a possibilidade de corte de auxílios a juízes que atuam em condições insalubres ou em locais de difícil acesso. A ministra também acredita que é importante analisar com cuidado a situação dos juízes eleitorais, que recebem auxílio para trabalhar em ano eleitoral. Nos últimos dias, segundo o Estadão/Broadcast apurou, a ministra buscou estabelecer “uma ponte de comunicação com o Congresso Nacional” para debater a questão.

Ontem, o Estado mostrou que os deputados estudam apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição para regulamentar as possibilidades de acúmulo de salários além do teto. A PEC deve incluir ainda o fim das férias de 60 dias concedidas a membros do Ministério Público e do Judiciário.

A presidente do STF informou recentemente a interlocutores que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está finalizando uma ferramenta que possibilitará aos internautas acesso aos salários dos juízes brasileiros. O CNJ ainda não divulgou os vencimentos de magistrados em sua página oficial devido a atrasos no envio dos documentos e a dificuldades na formatação dos arquivos.

 

Proposta. Cármen ainda não colocou para votação pelo CNJ uma proposta de criação de um sistema de monitoramento, a ser gerido pelo próprio conselho, com o objetivo de acompanhar e analisar as informações sobre os vencimentos de juízes, desembargadores e ministros de todo o País. Pelo sistema, o próprio software poderia alertar o CNJ no caso de distorções encontradas nos pagamentos efetuados. O programa é inspirado no modelo implantado pelo Banco do Brasil para monitorar a folha de pagamento.

 

Cármen. Situação de juízes eleitorais deve ser analisada

 

 

 

 

 

 

Gilmar defende ação contra fake news

Por: Rafael Moraes Moura / Breno Pires

 

BRASÍLIA

 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, disse ontem que a ofensiva contra a proliferação de notícias falsas na campanha de 2018 deverá contar com um comitê amplo que reunirá especialistas do meio. Para Gilmar, a elaboração de estratégias para barrar a disseminação de fake news nas próximas eleições não significa censura.

“Não se tolera o abuso, especialmente no campo eleitoral. Cada momento tem lá as suas peculiaridades, e cada situação tem lá as suas peculiaridades, mas ninguém está pensando em estabelecer censura. Queremos realmente que toda a sociedade participe desse esforço”, disse o ministro a jornalistas, depois de participar de uma cerimônia em que foi assinado um termo de cooperação técnica entre o TSE e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) para o intercâmbio de serviços biométricos.

“O que nós precisamos é ter provimentos céleres porque essas notícias se alastram hoje com força”, afirmou o ministro.

Gilmar defendeu a inclusão do Exército, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal no debate. A proposta de inclusão dessas instituições foi alvo de críticas de entidades civis. “Nessa área nós temos, às vezes, manipulações criminosas e temos setores hoje da inteligência que já dispõem de informações”, disse o ministro. / R.M.M. e B.P.