O globo, n. 30728, 23/09/2017. Rio, p. 14.
Rodrigo Maia pede a saída do secretário de Segurança
Catarina Alencastro/ Elenilce Bottari
23/09/2017
Governador afirma que Roberto Sá tem sido ‘incansável’ no cargo
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu ontem à tarde a saída do secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá. Para Maia, o episódio de ontem na Rocinha mostra que Sá perdeu totalmente o controle da situação.
— Essa equipe já perdeu o comando da área de segurança há muito tempo. O que aconteceu na Rocinha foi a gota d’água. Não dá mais. Agora ficou sem condições. Se continuar desse jeito, daqui a pouco a gente vai perder totalmente o controle da área de segurança. Nessas horas a gente tem que rever, a população precisa ter uma luz no fim do túnel. Precisamos de alguém no comando que tenha liderança e recupere o controle — disse Maia.
O presidente da Câmara disse que não quer “fazer” um novo secretário de Segurança, nem vai indicar um substituto. Ele nega que tenha conversado com o Pezão nesses termos, mas lembra que já tinha tido recentemente uma conversa com ele sobre a escalada do “descomando" na Secretaria de Segurança.
— Quando ele criticou a legislação federal, eu já tinha dito ao Pezão que esse tipo de crítica não serve para justificar o que acontece no Rio e que não iria resolver a crise. Ele precisa construir um nome que tenha trânsito no Judiciário e que entenda a política de segurança do Rio. Não quero fazer um nome, quero ajudar — disse o presidente da Câmara.
GABINETE DE CRISE
Após a crítica de Maia, o governador Luiz Fernando Pezão divulgou uma nota afirmando que Roberto Sá “tem sido incansável no cumprimento do dever". A nota de Pezão afirma ainda que o governo prioriza a política de segurança, “apesar de todas as dificuldades que tem enfrentado", e acrescenta que o Rio está trabalhando de forma integrada com as forças federais. Já o secretário disse apenas que “é preciso respeitar a opinião”. Pela manhã, após um intenso tiroteio na Rocinha, Roberto Sá reativou o gabinete de crise no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), onde se reuniu com o comandante da 1ª Divisão do Exército, general Mauro Sinott, antes de anunciar o apoio das forças federais. À imprensa, ele disse que “todos os recursos estão à disposição para retomar a estabilidade” na região.
— Não temos vaidade alguma — disse o secretário, referindo-se ao pedido de ajuda às Forças Armadas.
Roberto Sá também negou que a secretaria tenha cometido erros de avaliação na Rocinha. Segundo ele, as Forças Armadas só foram acionadas cinco dias após o início da guerra na Rocinha porque a situação estava sendo monitorada e havia uma aparente “estabilidade” até a manhã de ontem.
“Essa equipe já perdeu o comando da área de segurança há muito tempo. O que aconteceu na Rocinha foi a gota d’água. Não dá mais. Precisamos de alguém no comando que tenha liderança e recupere o controle” Rodrigo Maia (DEM) Presidente da Câmara “É preciso respeitar a opinião" Roberto Sá Secretário de Segurança