Valor econômico, v. 18, n. 4406, 21/12/2017. Política, p. A8.

 

 

Aprovação do governo Temer sobe de 3% para 6%, aponta CNI/ Ibope

Vandson Lima e Andrea Jubé

21/12/2017

 

 

A aprovação ao governo do presidente Michel Temer subiu para 6% em dezembro. Em setembro, esse índice foi de 3%. Os dados são da pesquisa CNI/Ibope, divulgada ontem. Contratado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Ibope ouviu duas mil pessoas em 127 municípios entre os dias 7 e 10 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

A avaliação regular foi de 19% e a ruim ou péssima, de 74%. A aprovação pessoal do presidente variou de 7% para 9% no mesmo período. Desaprovam a maneira de governar de Temer 88%, ante 89% há três meses.

A pequena variação na avaliação positiva do governo, subindo de 3% para 6% em dezembro, ainda não confirma com margem de segurança que esteja em andamento um movimento de melhora de sua popularidade.

Um dado importante, contudo, está no registro de um aumento significativo da popularidade entre os entrevistados com mais de 55 anos, anota a sondagem. Neste grupo, o percentual dos que avaliam como ótimo ou bom cresce acima da margem de erro, indo de 4% para 10%. A popularidade é maior entre os homens e entrevistados com baixo grau de instrução.

O dado é importante porque o governo ainda pretende emplacar a reforma da Previdência e tem feito extensa campanha para mostrar que aqueles cuja idade já está próxima da aposentadoria serão pouco afetados, por conta da implementação gradual, ao longo dos próximos 20 anos, das mudanças.

Outro dado é que a diminuição do noticiário sobre corrupção, após o arquivamento das denúncias contra Temer, refletiu na pesquisa. O gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, avalia que esse fenômeno impactou na pequena melhora da avaliação positiva.

Fonseca ressalta que o percentual da população que considera que as últimas notícias sobre o governo foram desfavoráveis caiu de 68% para 56%. Segundo a pesquisa, notícias sobre corrupção no governo foram citadas por 12% dos entrevistados, enquanto a reforma da Previdência foi a notícia mais lembrada por 19%.

Nesse quesito, houve uma queda de 44% para 19% entre os que se lembraram de pelo menos uma notícia relacionada a casos de corrupção no governo.

Para o especialista, "houve menor discussão sobre o tema corrupção na mídia, ao mesmo tempo, na Previdência, houve mudança no foco do governo". Ele afirma que o maior esclarecimento de que as novas regras não afetarão os direitos adquiridos dos aposentados influenciou a percepção dos brasileiros.

Segundo a pesquisa, 10% dos entrevistados consideram o governo Temer melhor que a administração da ex-presidente Dilma Rousseff, ante 8% apurados em setembro. E 59% consideram o governo Temer pior que o de Dilma.

Os brasileiros mantêm alto índice de reprovação à política de combate ao desemprego e à inflação. De acordo com o levantamento, 14% aprovam a política de combate ao desemprego do governo Temer; 84% desaprovam.

Temer tem afirmado em discursos, quase diariamente, que o início da retomada econômica, conjugado com a reforma trabalhista, viabilizou a criação de cerca de 900 mil vagas de trabalho somente neste ano. No entanto, a maioria dos brasileiros ainda desaprova essa política.

De igual forma, 79% dos entrevistados desaprovam o combate à inflação, contra 17%, apesar da sistemática queda dos juros e do IPCA ser o menor desde 1998.

A reprovação à política de saúde continua elevada: 88% desaprovam as políticas para o setor, contra 11% que aprovam.