Título: Dólar sobe 0,37%, apesar do tsunami
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 15/03/2012, Economia, p. 17

País registra forte entrada de recursos em março. Saldo está positivo em US$ 5,1 bi. No ano, estrangeiros já despejaram US$ 18,1 bi na economia brasileira. Moeda vale R$ 1,806 » O ingresso de dólares no país continua firme. A entrada líquida de moeda estrangeira atingiu US$ 2,6 bilhões na segunda semana de março. No acumulado do mês, o saldo está positivo em US$ 5,1 bilhões, segundo o Banco Central. O resultado dos últimos cinco dias, segundo o BC, foi sustentado pelo segmento comercial, que apresentou superavit de US$ 2,9 bilhões. A conta financeira, na qual passam as aplicações em renda fixa, bolsa e investimentos externos produtivos, ficou negativa em US$ 49 milhões. No acumulado do ano, os investidores externos já despejaram no país US$ 18,1 bilhões.

O volume é menor do que o verificado no mesmo período do ano passado, quando ingressaram no Brasil US$ 30,3 bilhões. O recuo, afirmaram economistas, deveu-se às medidas adotadas pelo governo para conter o fluxo de moeda estrangeira. Mas, como o Banco Central Europeu e os Estados Unidos estão inundando o mundo com dinheiro, é de se esperar que ele volte a engordar em pouco tempo.

Para o economista José Pio Martins, do Instituto Millenium, o governo deveria, no longo prazo, diminuir o deficit público. "O governo é causa e solução do problema. Se não precisasse se financiar tanto no mercado, poderíamos ter juros menores, menos atrativos para o capital internacional." O professor José Luis Oreiro, da Universidade de Brasília, acredita que o governo tem usado poucas ferramentas para conter o derretimento do dólar. Na sua avaliação, o país não está preparado para receber o tsunami monetário. "Ele ainda nem chegou aos emergentes. A enxurrada de dólares colocada pelo BC europeu está sendo absorvida pela própria Europa e pelos EUA."

O forte ingresso de recursos no país tem contribuído para a queda do dólar. Em fevereiro, a moeda norte-americana chegou a ficar abaixo de R$ 1,70, o que levou o BC a intervir. Nos últimos dias, mesmo com as restrições, a cotação tem oscilado. Ontem, o dólar subiu 0,37%, fechando a R$ 1,806. (Colaborou Rosana Hessel)