O Estado de São Paulo, n. 45318, 14/11/2017. Política, p. A9.

 

Bolsonaro defende independência do BC

 

Gilberto Amendola

14/11/2017

 

 

Em novo texto publicado em rede social, deputado e presidenciável diz que banco é ‘responsável por dois dos três pilares’ do tripé macroeconômico

 

 

O deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) divulgou ontem um texto em uma rede social no qual defende a independência do Banco Central, faz críticas aos governos do PT e afirma que, “no tripé macroeconômico (taxa de câmbio flutuante, metas de inflação e superávits primários), o Banco Central é responsável por dois dos três pilares”.

“O Brasil precisa de um Banco Central independente! Com sua independência, tendo mandatos atrelados a metas/métricas claras e bem definidas pelo Legislativo, profissionais terão autonomia para garantir à sociedade que nunca mais presidentes populistas ou demagogos colocarão a estabilidade do país em risco para perseguir um resultado político de curto prazo”, diz o texto publicado no Facebook e intitulado “Comunicado aos Cidadãos do Brasil”.

Além da equipe de Bolsonaro, assinam o texto dois colaboradores do deputado, Abraham Weintraub e Arthur Bragança Weintraub. Os Weitraub se juntam ao pesquisador Adolfo Sachsida e ao advogado Bernardo Santoro – já identificados como integrantes do “time” que estaria ajudando o parlamentar a formular as bases de seu plano econômico e de governo.

Abraham é ex-diretor da corretora do Banco Votorantim e diretor do Centro de Estudos de Seguridade. Arthur é advogado e doutor e Direito Previdenciário. Na quarta-feira passada, o grupo de apoio a Bolsonaro divulgou primeiro texto em que afastava a hipótese de ideias pouco ortodoxas saírem de uma futura equipe econômica.

Ainda sobre a independência do Banco Central, o texto diz que “o primeiro passo é um BC independente, com mandato e metas de inflação claras, aprovadas pelo Congresso Nacional, para nunca mais um populista colocar em risco o orçamento das famílias brasileiras. A missão de um governo sério é proteger as pessoas”.

Na seara política, o texto faz críticas à presidente cassada Dilma Rousseff pelo que ele chama de “desastrosa condução da inflação” e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por, segundo o comunicado, ter deixado o Brasil “com seus ungidos Dilma/Temer”

 

PT. “Como se não bastasse, ainda havia a discussão de como gastar as reservas internacionais para, sob a orientação dos ‘sábios’ conselheiros do PT, estimular a política ‘desenvolvimentista’”, diz o texto.

“Quando voltarmos a crescer, teremos o mesmo problema de sempre: trazer poupança do exterior, o que é volátil! Qualquer problema global e paramos de crescer. Precisamos libertar o Brasil de sua dependência do capital internacional! Como fez o Chile!”

Bolsonaro e equipe afirmam ainda que vão “enfrentar grupos organizados e sem escrúpulos que farão qualquer coisa para vencer as próximas eleições”. Além disso, cita Goebbels, Galileu e um versículo bíblico: “Enquanto a esquerda prefere gurus do Nacional Socialismo como Joseph Goebbels: ‘Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade’; nós ficamos com Galileu Galilei: eppur si muove! Todavia, a convicção de que venceremos vem de João 8:32 ‘E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’”.

 

Fake news. No fim do comunicado, o presidenciável afirma que vai usar as redes sociais como canal oficial de comunicação e que, em breve, será divulgado um novo texto. “Acreditamos que esse formato institucional evitará que pessoas desqualificadas e mal intencionadas ganhem com especulações, boatos e as conhecidas fake news (notícias falsas).”

Hoje, o deputado estará em Vitória (ES), onde participa de uma caminhada e de um encontro com policiais.

 

Partido Novo

O Novo lança no sábado, no encontro nacional do partido em São Paulo, o ex-banqueiro João Amoêdo como pré-candidato da sigla à Presidência em 2018. Amoêdo é fundador da legenda.