Valor econômico, v. 18, n. 4407, 22/12/2017. Política, p. A6.

 

 

Virgílio usa denúncia sobre cartéis em SP para atacar Alckmin

Marcelo Ribeiro

22/12/2017

 

 

Oponente do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nas prévias do PSDB para definir o candidato da legenda à presidência da República em 2018, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio reclamou da hegemonia que o paulista dispõe na cúpula do partido. Virgílio defendeu que, antes de Alckmin ser oficializado como postulante ao comando do Palácio do Planalto no ano que vem, é preciso que seja feita uma apuração sobre as denúncias da existência de um cartel de empreiteiras que teriam tocado diversas obras milionárias em diversos governos do PSDB de São Paulo.

De acordo com o prefeito de Manaus, se isso não acontecer, a legenda chegará enfraquecida às urnas na disputa de 2018 e fortalecerá o líder nas pesquisas de intenção de voto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Vejo o PSDB finando, se extinguindo e colaborando para o quadro que justifica o desalento da sociedade. Infelizmente, percebo que o PSDB não se difere em nada. Não é organizado que nem o PT, mas o partido também tem saldo negativo. O PSDB tem que dar o exemplo e ouvir Alckmin. Temos uma comissão de ética para isso", disse Virgílio ao Valor.

Evitando fazer acusações ao oponente das prévias da sigla tucana, o prefeito manauara destacou que o "escândalo precisa ser apurado" e criticou a postura "daqueles que dizem que não podem emitir opiniões antes de consultar seus advogados". O governo de São Paulo, por meio da procuradoria geral do Estado, afirmou que é vítima na questão de cartéis e anunciou que irá pedir reparação às empresas.

Questionado sobre as prévias do PSDB, Virgílio acusou o partido de ter um "descontrole interno" ao não realizar debates entre ele e Alckmin nas cidades mais estratégicas do país antes da definição de quem concorrerá ao comando do Palácio do Planalto. "Não há disposição de se fazer debate. Quero que eles me digam até quando vão me enrolar. Não sairia do PSDB. Só saio se o partido for extinto. Se isso acontecesse, provavelmente eu sairia da vida pública".

O prefeito de Manaus reclamou ainda do que chama de miopia de alguns correligionários, que o veem como alguém inexpressivo "apenas por ser de uma cidade muito menor que São Paulo".