Correio braziliense, n. 19964, 20/01/2018. Cidades, p. 20
O fim do Lixão da Estrutural
Walder Galvão
20/01/2018
Após quase 60 anos de funcionamento, o Aterro do Jóquei, mais conhecido como Lixão da Estrutural, será desativado. A partir de hoje, o depósito de lixo a céu aberto não receberá mais resíduos produzidos pelos brasilienses. Todo material será enviado ao Aterro Sanitário de Brasília, localizado entre Ceilândia e Samambaia, e aos centros de triagens de material reciclável. O fechamento foi anunciado na tarde de ontem, pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).
Com aproximadamente 200 hectares, o Lixão da Estrutural é o segundo maior do mundo e o maior da América Latina. Ele permanecerá fechado por 10 dias e depois reabrirá para receber apenas resíduos da construção civil. Nele, cerca de 2 mil pessoas sobreviviam dos materiais recicláveis encontrados no lixo. Esses catadores serão encaminhados aos galpões de triagem localizados no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA), Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN) e Ceilândia.
O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) ofereceu 1,2 mil vagas para catadores que se interessarem em trabalhar nos galpões. Eles receberão até R$ 350 por tonelada comercializada. Além disso, para compensar a redução do material triado por eles, o GDF fornecerá, por seis meses, uma bolsa de compensação financeira de R$ 360,75. Rollemberg ressalta que os catadores que trabalharem cinco vezes por semana, de 4h a 6h ao dia, podem conseguir uma renda de até R$ 1,2 mil.
Mesmo com o deficit de 800 pessoas em relação ao número de catadores que trabalhavam no Lixão da Estrutural, a diretora do SLU, Heliana Kátia Tavares Campos, ressalta que faltam pessoas contratadas nas cooperativas. “Os galpões não estão funcionando efetivamente por falta de pessoal. Muitos ainda não se inscreveram para começar a exercer as atividades”, comenta. Para ter acesso à bolsa de compensação financeira, os catadores devem se inscrever nas cooperativas e exercer uma rotina de serviço.
Irregularidades
É proibida a circulação de pessoas no novo aterro. Só pessoal autorizado poderá desenvolver as atividades no local, onde não haverá coleta de material. Além disso, o GDF vai intensificar a fiscalização acerca de quem despeja lixo em local irregular. A Agência de Fiscalização do DF (Agefis) está autorizada a apreender veículos e notificar quem realiza essa prática.
Inaugurado em janeiro do ano passado, o Aterro Sanitário de Brasília foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de lixo durante uma vida útil de cerca de 13 anos. Segundo Rollemberg, haverá um plano para aumentar a durabilidade do espaço. “Com investimento na coleta seletiva, podemos diminuir o número de resíduos que chegam ao aterro”, explicou o governador.
Até o momento, 17 regiões administrativas são contempladas com a coleta seletiva. Um contrato firmado com mais sete cooperativas nesta semana vai expandir o serviço para outros 11 pontos do DF. A promessa é de que, até o fim do ano, todas as áreas urbanas da capital estejam contempladas com a separação de recicláveis.
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