Título: Votações emperradas
Autor: Correria, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 15/03/2012, Política, p. 2/3

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A ressaca da crise entre o Planalto e a base aliada pontuou a estreia dos dois novos líderes do governo no Congresso. No lugar de votações, o plenário do Senado foi ocupado por uma espécie de ato de desagravo em que os parlamentares desfiaram elogios ao ex-líder Romero Jucá (PMDB-RR). Na Câmara, as votações das duas principais pautas, a Lei Geral da Copa e o Código Florestal, foram empurradas para a próxima semana.

Integrantes da base aliada saíram da primeira reunião com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), irritados com a postura da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que teria endurecido a posição do governo na discussão do Código Florestal. "Foi uma reunião cerimoniosa e sem sal", definiu um deputado. Ideli esteve no Congresso para conversar com os líderes governistas e disse que espera que a transição tranquila, sem sobressaltos com a base.

Para evitar a impressão de paralisia por conta do embate entre governo e partidos aliados, decidiu-se por uma pauta de temas consensuais para serem aprovados no plenário da Câmara, incluindo a Medida Provisória nº 550, que permite subsídios para financiamento de equipamentos para portadores de deficiência física. Sem uma estreia de peso, Chinaglia ainda foi vítima de dupla gafe no Diário Oficial da União, onde aparece como senador, em vez de deputado, e indicado para líder do Congresso, e não da Câmara.

A maioria da bancada do PMDB no Senado adotou a cautela nos primeiros dias de Eduardo Braga na liderança. Embora, nos bastidores, ameacem impor novas derrotas ao governo, são poucos os peemedebistas da Casa dispostos a se expor e, principalmente, a correr o risco de perder cargos já conquistados.