O juiz Sergio Moro havia solidado os comprovantes originais após os investigadores considerarem os documentos “ideologicamente falsos”. Como praxe, sempre que solicitados, os documentos são anexados no sistema eletrônico da Justiça. por conta da polêmica, Moro exigiu os originais.

Um dos principais personagens das denúncias envolvendo os recibos de aluguel, o contador João Muniz Leite visitou três vezes o empresário Glaucos da Costamarques quando ele estava internado no Sírio Libanês, como revelou ontem o próprio hospital em ofício encaminhado à Justiça. Leite foi quem recebeu das mãos do empresário os comprovantes referentes aos pagamentos de 2015, tidos pelos investigadores como “ideologicamente falsos”.

Apesar de Costamarques ter afirmado em depoimento que havia recebido anteriormente a visita de Roberto Teixeira, compadre de Lula, o controle de entrada e saída do hospital não registrou sua presença. Teixeira foi quem teria enviado Leite ao hospital para receber os comprovantes. Lula é investigado por ter recebido propinas da Odebrecht na forma da aquisição de um terreno que serviria de sede do Instituto Lula e também do aluguel do apartamento em nome de Costamarques, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente.

“Identificamos nos documentos ora anexados 3 registros de visitas realizadas por João Muniz Leite, uma visita ocorrida no dia 3 de dezembro de 2015 e duas visitas ocorridas no dia 4 de dezembro de 2015’,’ afirma o ofício.

DELEGADO AFASTADO

Também ontem, o governo de São Paulo afastou o delegado Carlos Renato de Melo, responsável por determinar a busca e apreensão no apartamento do filho de Lula, Marcos Claudio Lula da Silva, em Paulínea, interior de São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública determinou o afastamento “para preservação das investigações’’ e a “instauração de procedimento administrativo para apurar em que condições ocorreu a diligência de busca e apreensão”.

O filho do ex-presidente teve a casa invadida pela polícia após uma denúncia anônima de que haveria droga e armas no imóvel. Nada foi encontrado. A Justiça determinou ontem a devolução dos bens apreendidos na residência por não considerar que havia comprovação do crime denunciado de forma anônima.

A defesa de Lula classificou a operação de abusiva. O PT também criticou a ação da polícia.