Valor econômico, v. 18, n. 4409, 27/12/2017. Brasil, p. A6.

 

 

Marun quer 'reciprocidade' de Estados

Marcelo Ribeiro e Andrea Jubé

27/12/2017

 

 

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse ontem que os governadores que querem a liberação de empréstimos e financiamentos junto a bancos públicos deveriam se esforçar para garantir que as bancadas de seus Estados votem a favor da reforma da Previdência. As investidas em relação aos governadores ganharão um novo episódio em janeiro, quando o responsável pela articulação política no Palácio do Planalto fará viagens para reverter a posição de deputados dissidentes.

Marun reagiu a uma declaração do governador de Sergipe, Jackson Barreto (MDB), dada na semana passada depois de uma reunião com o presidente Michel Temer. O governador reclamou do governo federal condicionar a liberação de pedidos de empréstimos protocolados na Caixa Econômica Federal pelos Estados à entrega de votos a favor da reforma.

"Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Se não, o governador poderia tomar esse financiamento em outros bancos. Entendemos que deve ser discutido com esses governantes algum tipo de reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência", disse Marun.

O emedebista destacou que não haverá retaliação contra os governadores que não entregarem os votos. "É um pedido de apoio. O governo vai atuar nessa questão com a seriedade e com a gravidade que a questão possui. Sendo uma ação de governo, obviamente que o nível de apoio que o governador puder prestar a questão da reforma vai ser considerado nessa questão [de liberação de recursos]", explicou Marun.

O esvaziamento de Brasília por causa do recesso parlamentar não atrapalhará os planos de Temer de se reunir com aliados para traçar uma estratégia para aumentar as chances de aprovação da reforma. Hoje à tarde, ele se reunirá com Marun, com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o relator da PEC, deputado Arthur Maia (PPS-BA).

O governo deixou para apresentar o texto final apenas às vésperas da votação, que ocorrerá em 19 de fevereiro, para evitar ruídos causados pelo excesso de sugestões de mudanças no parecer.