Título: FMI de olho na Grécia
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Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2012, Economia, p. 18

Fundo alerta para risco de as eleições tirarem o país do caminho da austeridade fiscal

Nem mesmo o avanço das negociações que levaram à liberação da primeira parcela do pacote de 130 bilhões de euros do socorro à Grécia, nesta semana, fez o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorar sua avaliação sobre o país europeu. Aos olhos da instituição, as eleições gregas representam um risco para a implementação da política de austeridade acertada com os organismos multilaterais — que incluem também União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE). Por outro lado, alertou o Fundo, um rompimento do país com a Zona do Euro seria algo "muito custoso" para a união monetária.

Apesar do ceticismo do FMI, os mercados europeus tiveram um dia de euforia ontem. As ações negociadas nos principais centros financeiros do Velho Continente alcançaram, com a ajuda da dissipação do medo sobre a dívida grega, o maior nível em oito meses. O FTSE Eurofirst 300, índice das principais ações, fechou em alta de 0,42%, e registrou um ganho de 2,5% na semana. As bolsas de Londres e Milão tiveram alta de 0,42% e 0,52%, respectivamente. Houve avanço também em Frankfurt (+0,19%), Paris (+0,41%) e Madri (+0,71%). Só Lisboa encolheu: queda de 0,37%.

"A tensão e os prêmios de risco caíram. Os investidores estão mais otimistas agora", disse Jean-Marie Mercadal, vice-presidente de Investimentos do OFI Asset Management, que administra 47,3 bilhões de euros. Mas do outro lado do Atlântico os negócios não foram tão bons no encerramento da semana. A Bolsa de Nova York fechou com queda de 0,15%. Em São Paulo, o pregão encerrou com ligeiro recuso, de 0,01%, aos 67.684 pontos. Contudo, na semana, a Bovespa subiu 1,47%. No mês, avançou 2,85%.

Espanha O economista-chefe da Sul América, Newton Rosa, atribui o sobe e desce das ações aos sinais trocados da Europa e, sobretudo, dos Estados Unidos. "As bolsas lá fora também não ficaram firmes. Os indicadores vieram um pouco abaixo, mas não tiveram muita influência, porque não reverteram o quadro de recuperação da economia norte-americana", ressaltou. A divulgação de dados ruins sobre a Espanha, por exemplo, não desanimou os investidores locais. A dívida pública espanhola subiu de 61,2% para 68,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Apesar da porcentagem relativamente baixa do endividamento quando confrontada com seus pares (média de 87,7%), a Espanha tem lutado para evitar ser sugada pela crise da dívida soberana que assolou a Europa. Os investidores estão preocupados com a elevada dívida privada, com a falta de ímpeto da economia desde o estouro da bolha de crédito e da construção, em 2008, e com a taxa de crescimento do endividamento público desde o início da crise. Em 2007, a relação dívida/PIB espanhola era de 36,3%.

700 bi de euros como garantia

Depois que a oposição ao governo de Angela Merkel, da Alemanha, concordou em colocar mais dinheiro nos fundos de resgate europeus, autoridades da Zona do Euro calcularam que a capacidade de empréstimo atual do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (Feef), que é temporário, e do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em ingês), um mecanismo permanente, subirá de 500 bilhões de euros para 700 bilhões de euros. Os mercados têm pressionado por uma ampliação para garantir o socorro a grandes economias, como Itália e Espanha, se necessário.