Correio braziliense, n. 20001, 23/02/2018. Política, p. 4

 

Operação Lava-Jato mira Casa Civil do Paraná

23/02/2018

 

 

Na primeira fase deste ano da Lava-Jato, a Polícia Federal lançou a Operação Integração. O objetivo da ação, colocada em prática na manhã de ontem, foi cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão contra envolvidos num esquema de fraude em contratos para a concessão de rodovias no Paraná. Entre os suspeitos está Carlos Felisberto Nasser, assessor da Secretaria da Casa Civil do governo paranaense e tido como homem próximo do governador do estado, Beto Richa (PSDB). Os integrantes do esquema aumentavam o preço cobrado em pedágios para desviar parte dos recursos.

De acordo com as investigações, Carlos Felisberto realizou saques em espécie de R$ 3,3 milhões entre 2005 e 2015. Os investigadores acreditam que ele era quem intermediava o esquema. Ao saber do caso, o governador afastou o servidor do cargo e determinou que um procedimento administrativo seja aberto na Controladoria-Geral do estado. Beto Richa alegou que “ele é um servidor do terceiro escalão”.

Em entrevista coletiva, o procurador Diogo Castor de Mattos, do Ministério Público Federal (MPF), destacou que os atos investigados provam que a privatização de serviços públicos não afasta a corrupção. “A operação de hoje (ontem) é uma tentativa de investigar ferida aberta no Paraná, que são as altas tarifas do pedágio. Essa fase da operação é um indicativo claro de que privatização não necessariamente leva ao fim da corrupção”, ressaltou.

A Operação Integração é a 48ª fase da Lava-Jato, a maior ação de combate à corrupção da história brasileira. Foram cumpridos 50 mandados de busca e apreensão e sete de prisão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Segundo a PF, as irregularidades ocorreram na concessão de rodovias no chamado Anel de Integração no Paraná. As ações foram autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

A investigação apontou que agentes públicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) receberam propina para participar do esquema. O dinheiro era operado por Adir Assad e Rodrigo Tecla Duran, que já eram investigados por envolvimento em atos de corrupção. Pelo menos R$ 2,3 bilhões foram arrecadados nos pedágios do estado, sendo que R$ 340 milhões eram encaminhados para uma empresa envolvida nas fraudes. Desses valores, pelo menos R$ 64 milhões foram repassados para envolvidos no esquema. A Secretaria da Casa Civil do Paraná informou que não vai se posicionar sobre o assunto. A defesa de Carlos Nasser não foi encontrada para comentar o caso. (RS)

Frase

“A operação de hoje (ontem) é uma tentativa de investigar ferida aberta no Paraná, que são as altas tarifas do pedágio”

Diogo Castor de Mattos, procurador do MPF