Correio braziliense, n. 19996, 21/02/2018. Política, p. 5
Tanto trabalho por nada
Bernardo Bittar
21/02/2018
Cristiane Brasil (PTB-RJ) não chegou lá. Nomeada para o cargo de ministra do Trabalho há dois meses, ela teve a posse suspensa pela Justiça, perdeu o apoio do PTB e do governo e, agora, o partido desistiu da indicação dela. O anúncio foi feito nas redes sociais pelo presidente da legenda e pai da deputada federal, Roberto Jefferson. Para o lugar da deputada federal, está cotado Helton Yomura, secretário executivo do ministério.
Yomura é servidor de carreira e, em tempos de discussão sobre a reforma trabalhista, é tudo o que o governo precisa para acalmar os ânimos dos celetistas.
O nome de Cristiane Brasil foi derrubado pela demora da Justiça em conceder a posse dela no ministério. A deputada perdeu seis dos sete recursos com os quais tentava dobrar o Judiciário. O processo foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). “Diante da indecisão da ministra Cármen Lúcia em não julgar o mérito neste primeiro semestre, o PTB declina da indicação de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho. A decisão do partido visa proteger a integridade de Cristiane e não deixar parada a administração do ministério”, escreve Jefferson no Twitter. “Agradecemos ao presidente Michel Temer e aos companheiros do partido pelo apoio e o respeito com Cristiane Brasil durante esse período de caça às bruxas”, completou o deputado federal cassado.
O próprio Jefferson, porém, chegou a criticar determinadas atitudes da filha durante o imbróglio. Acusada de ter dívidas trabalhistas (cerca de R$ 60 mil) com ex-funcionários, ela tentou se defender com um vídeo publicado nas redes sociais. Nele, desmentiu as acusações, a bordo de uma lancha, acompanhada de quatro homens — todos em trajes de banho. Após a repercussão negativa, o presidente do PTB afirmou que “uma pessoa pública precisa se portar como uma pessoa pública”.
O prêmio de consolação do PTB foi a indicação de Leonardo Arantes, presidente do Conselho do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), como secretário-executivo do ministério. Ele é sobrinho do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).