O Estado de São Paulo, n. 45346, 12/12/2017. Política, p. A4.

 

PT já prevê queda de 43% das candidaturas em SP

Ricardo Galhardo

12/12/2017

 

 

Partidos. Levantamento interno estima que 99 filiados se colocam para disputar vaga de deputado estadual ou federal em 2018; crise e impeachment motivam recuo no Estado

 

 

Um levantamento interno realizado pelo PT de São Paulo aponta para uma queda expressiva das candidaturas a deputado estadual e federal no Estado em 2018. O número de filiados dispostos a disputar as eleições pelo partido é, hoje, de no máximo 99 nomes. Em 2014, foram 174 candidatos a cargos legislativos, o que representa uma queda momentânea de 43%.

O extrato foi levantado pelo ex-deputado Jilmar Tatto, que nos últimos quatro anos foi secretário municipal de Transportes na gestão petista de Fernando Haddad. O números já foram apresentados à Direção Estadual da legenda e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os números obtidos pelo Estado mostram que, apesar de Lula liderar as pesquisas de intenção de voto à Presidência em 2018 e ver sua taxa de rejeição cair, a Operação Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff ainda refletem negativamente no PT em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.

A dez meses das eleições, o PT tem confirmados até agora, de acordo com o levantamento, apenas 65 nomes, 40 deles para deputado estadual e 25 para federal. Outros 34 se mostraram interessados, mas ainda não tomaram uma decisão.

Segundo dirigentes e parlamentares petistas, a queda é consequência das derrotas do PT em São Paulo nas eleições de 2014 e 2016. No ano passado, o número de prefeituras comandadas pela sigla no Estado caiu de 72 para 11 e o total de vereadores foi de 664 para 186. Ao menos 24 prefeitos deixaram o PT antes do pleito para fugir do antipetismo presente no eleitorado paulista. Muitos deles se preparavam para disputar cargos legislativos em 2018.

Em 2014, a bancada de deputados estaduais encolheu de 23 para 15 e a de federais de 16 para dez. O partido que chegou a ter 25% dos votos para cargos legislativos no Estado em 2002 recebeu apenas 11% em 2014. “Isso tem a ver com a crise e com tudo o que aconteceu (Lava Jato e impeachment). Por causa daquilo, algumas pessoas que poderiam ser candidatas saíram do partido”, disse Tatto. “O alento é que o PT está se recuperando.”

Segundo a secretária nacional de Organização do PT, Gleide Andrade, a queda do número de candidatos é localizada em São Paulo. “No resto do Brasil estamos conseguindo montar chapas fortes”, disse ela.

 

Convocação. Para contornar o problema, Lula convocou os movimentos ligados ao partido a lançar o máximo de candidatos. Um deles é Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que vai disputar uma eleição pela primeira vez em 2018. Segundo o sindicalista, a CUT tem como meta lançar candidatos em todas as 27 unidades da Federação. “A direção e o Lula estão pedindo e estamos nos esforçando para atender. A representação dos trabalhadores está desnivelada. Temos hoje uns cem deputados contra 400 dos empresários”, disse Vagner.

Já outros grupos como o Movimento dos Sem Terra (MST) e a Central de Movimentos Populares (CMP) decidiram manter a estratégia de apoiar nomes com quem tenham afinidade, mas vindos de outros setores.

O líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), minimizou os números. Segundo ele, daqui até julho, quando termina o prazo para inscrição de candidaturas, o PT de São Paulo vai conseguir montar uma chapa forte no maior colégio eleitoral do País e um palanque robusto para a campanha de Lula à Presidência. “O partido está fazendo uma política de organizar as candidaturas. Este número vai aumentar”, disse Zarattini.

De acordo com o deputado, um dos atrativos é convencer possíveis candidatos a prefeito nas eleições de 2020 a se colocar como candidatos a deputado agora para ganhar visibilidade. “Quem quiser ser candidato a prefeito pode sair agora, mesmo que não se eleja”, disse o deputado.

 

'Crise'

“Isso (a queda) tem a ver com a crise e com tudo o que aconteceu. Pessoas que poderiam ser candidatos saíram do partido.”

Jilmar Tatto

EX-DEPUTADO DO PT

 

Senado

O PT adiou a definição dos dois nomes da chapa para o Senado. Uma possibilidade é o ex-prefeito Fernando Haddad. O vereador Eduardo Suplicy não abre mão de concorrer, mas o partido tenta convencê-lo a disputar vaga na Câmara para ‘puxar votos’.

 

DECLÍNIO NO PARLAMENTO

PT prevê queda do número de candidaturas para deputados em São Paulo em 2018

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Gilmar levanta suspeita sobre viagens e caravanas

Cláudia Trevisan

12/12/2017

 

 

Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, atos antecipados de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) poderão levar à condenação por abuso de poder econômico e à cassação de eventual diplomação caso sejam financiados de maneira irregular.

Na semana passada, Gilmar foi voto vencido em decisões que rejeitaram processos contra os dois pré-candidatos sob a acusação de antecipação de campanha eleitoral. Em sua avaliação, a pergunta que deve ser respondida é não apenas se há campanha antecipada, mas quem está financiando.

“Há estruturas aí que já passam – jatinhos, deslocamentos de caravanas, ônibus, reunião organizada de pessoas e tudo mais. Tudo isso precisa ser avaliado. Acho que esse vai ser o tema do tribunal já em fevereiro”, afirmou o ministro em Washington, onde participou de assinatura de convênio que prevê o envio de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) para acompanhar as eleições presidenciais de 2018. “Alguém está financiando isso.”

A assessoria de Lula afirmou que as caravanas são pagas com recursos do partido e disse que a ação foi arquivada pelo TSE na semana passada, seguindo voto do relator do caso.

Já a assessoria de Bolsonaro não foi localizada até a conclusão desta edição.