Título: Pior trimestre para o emprego desde 2009
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 17/04/2012, Economia, p. 11

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que o saldo de empregos criados com carteira assinada no primeiro trimestre foi 24% menor do que o registrado em igual período do ano passado: 442,6 mil vagas ante 583,8 mil, em 2011. Nem mesmo a retomada do fôlego, em março, quando foram gerados 111.746 postos, impediu o pior resultado para os três primeiros meses do ano desde 2009, quando a crise mundial solapou a produção e o consumo. Os números foram divulgados pelo Ministério do Trabalho no mesmo dia em que o Banco Central (BC) anunciou que a atividade econômica caiu pelo segundo mês consecutivo.

Na avaliação de Carlos Alberto Ramos, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), a desaceleração no mercado de trabalho é consequência direta da queda na atividade econômica. A seu ver, o ritmo de geração de empregos só deve se recuperar no fim do ano. "Medidas como a queda dos juros e o pacote de benefícios para a indústria demoram a surtir efeitos na contratação de mão de obra", sustentou. "Apesar do desempenho fraco, não há motivo para preocupação, já que o desemprego se mantém em um dos patamares mais baixos da história", afirma.

Já Fernanda Consorte, economista do banco Santander, considerou os números dentro do esperado. No entender de Fernanda, o mercado continua aquecido. "Como a maior parte da mão de obra disponível já foi absorvida, é natural os dados mostrarem certa estabilidade no saldo líquido de empregos.

Carreira Em vez de criação de vagas, as pessoas que já estão empregadas estão trocando mais de trabalho", explicou. Fernanda destacou ainda que o aumento da renda nos últimos anos repercutiu especialmente na criação de postos dentro do setor de serviços, principal gerador de empregos formais no país, com saldo de 83,1 mil vagas em março.

Graças ao impulso do setor de serviços, a bioquímica Luana Souza Andrade, 27 anos, conseguiu mudar de emprego este mês. Ela saiu de Unaí (MG) após passar no processo seletivo para a rede de laboratórios Sabin. "Em Brasília, há melhores condições para crescer na carreira", disse Luana. A indústria de transformação e a agricultura, entretanto, registraram saldos negativos de 5 mil e 17 mil postos de trabalho, respectivamente. A queda do emprego na indústria se deve, em grande parte, ao fraco desempenho do segmento de produtos alimentícios, que teve redução de 25,2 mil vagas.