Título: Chevron minimiza desastre ambiental
Autor: Filizola, Paula
Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2012, Brasil, p. 8

Em audiência no Senado, diretor da empresa norte-americana alega que não há relação entre o derramamento de petróleo na Bacia de Campos (RJ) em novembro e o do último dia 4

O vazamento de cerca de 2,4 mil barris de petróleo na Bacia de Campos (RJ) ocorrido em 4 de março foi minimizado ontem pelo diretor de Assuntos Corporativos da Chevron, Rafael Jaen Williamson. Ele participou de audiência pública na Comissão de Meio Ambiente do Senado substituindo o presidente da petroleira norte-americana, George Buck, convocado inicialmente. O representante da multinacional classificou o derramamento como "atípico" e reafirmou que a empresa não foi negligente, seguindo todas as conformidades brasileiras. Já o procurador da República Eduardo Oliveira criticou a ausência de um plano de contingência formulado pelo governo federal e uma fiscalização mais rigorosa por parte da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Atualmente, o órgão só tem 10 agentes trabalhando na prevenção de acidentes offshore.

Assessor da Diretoria da ANP, Silvio Jablonski afirmou que a Chevron fez uma análise incorreta do trabalho de exploração realizado na bacia. Em novembro do ano passado, a empresa já tinha provocado um vazamento de cerca de 3 mil barris de óleo. Agora, o órgão federal investiga as causas do novo acidente. Uma das hipóteses é de que a atual mancha tenha sido provocada por bolhas retidas do primeiro derramamento, que estão se soltando e chegando aos poucos à superfície. O Grupo de Acompanhamento, composto por agentes da ANP e técnicos da Marinha e do Ibama, se reuniu na quarta-feira e decidiu — como medida emergencial — deslocar uma embarcação sísmica da Petrobras a fim de realizar uma varredura na região da Bacia de Campos e avaliar os impactos do vazamento. Porém, segundo o representante da ANP, os sobrevoos realizados na região não indicam "nada de anormal".

Apesar da negativa da Chevron — a empresa sustenta que o acidente mais recente ocorreu a 3km do primeiro e que as amostras de óleo analisadas têm composições diferentes —, Jablonski não afasta a possibilidade de um vazamento ser resultado do outro. A ANP entregou na quarta-feira o relatório com a análise do caso para a Chevron. "As penalidades que estamos aventando são aquelas que estão na lei, que envolvem multa, mas não se afasta a possibilidade de ter penalidades quanto ao contrato de concessão, que, em alguns casos, permite até mesmo rescisão de contratos. É um leque de opções que temos", afirmou Jablonski.

Segundo o procurador da República Eduardo Oliveira, responsável pela ação criminal que denunciou 17 executivos da Chevron e da perfuradora Transocean, a posição do Ministério Público Federal é importante para mostrar que o Brasil é um país que cumpre sua legislação. "Nossa resposta tem que ser repressiva. Não existe dano ambiental insignificante. Houve uma catástrofe e eles estão minimizando", argumentou. Por determinação da Justiça Federal, os executivos e os funcionários das duas multinacionais alvos da ação do MPF entregaram os passaportes e estão impedidos de deixar o Brasil.

A Comissão de Meio Ambiente do Senado prevê para 17 de abril uma audiência pública com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para que ele apresente o plano de contingência nacional, responsável por conter os efeitos de acidentes na exploração de petróleo.

Navio com minério de ferro quebra no NE O navio Spring Sweetbrier, do Panamá, que saiu de um porto no Maranhão carregado de minério de ferro com destino ao Japão, no início do mês, sofreu danos e está parado a 40km da costa do estado nordestino, onde recebe reparos. De acordo com a Capitania dos Portos, a embarcação só deve deixar o país em 10 de abril. O órgão ainda descartou risco de afundamento ou poluição do mar. Um inquérito administrativo foi aberto para apurar se houve falha humana ou defeito de fabricação.

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