Título: Câmbio controlado e nova baixa dos juros
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2012, Economia, p. 10

Essas foram as principais medidas apresentadas pelo governo a empresários para estimular crescimento e driblar clima de pessimismo com turbulência internacional

Diante da reclamação do setor produtivo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que segurar a alta do real frente o dólar é compromisso do governo. Durante reunião com os maiores empresários do país, ontem, no Palácio do Planalto, o ministro e a presidente Dilma Rousseff ainda tranquilizaram o setor privado e acenaram com mais queda nos juros e nos spreads bancários (diferença entre o que o banco cobra em um empréstimo e o que paga na captação), controle cambial e redução da carga tributária. Mantega ainda defendeu a unificação da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente nos importados — na visão do ministro, o formato atual incentiva o importador.

Para o governo, no entanto, o mais urgente é manter o dólar acima de R$ 1,80 para garantir a competitividade da indústria. Ontem, a moeda fechou cotada a R$ 1,822, em alta de 0,09%. "Esse é um ponto crucial para dar competitividade à indústria brasileira. [...] É uma preocupação dos empresários e nós tomaremos políticas de intervenção do câmbio que não permitam que o real se valorize", afirmou o ministro. Depois de um dólar baixo, o segundo pedido dos empresários foi a redução da carga tributária, missão que Mantega definiu como "desafio", mas garantiu que o governo está trabalhando para que isso ocorra. Também afirmou que a taxa básica de juros seguirá em queda, como deseja o setor privado e a própria presidente Dilma.

Outra preocupação expressa pelo setor produtivo diz respeito ao custo da mão de obra no Brasil. Segundo Mantega, serão adotadas medidas para baratear esses valores, mas sem prejudicar o trabalhador. "É verdade que lá fora existe mais desemprego e, portanto, os trabalhadores estão perdendo os direitos. Aqui, nós temos uma solução que não prejudica os trabalhadores, nós temos um cenário completamente diferente. [...] E como nós estamos fazendo isso? Com a desoneração da folha de pagamento", argumentou.

Os problemas na infraestrutura e o custo alto da energia elétrica foram apontados como dificuldades para o crescimento no setor. Mantega reconheceu a situação e afirmou que os investimentos em infraestrutura seguirão como prioridade, e serão viabilizados tanto pela iniciativa privada quanto pela pública. Com relação à energia, o ministro disse que o problema passa pelo aumento da demanda e redução da carga tributária, que pesa principalmente na esfera estadual. Mantega prevê redução nas tarifas a partir de 2015, quando as atuais concessões começam a vencer.

Resolução 72 Em meio à crise com a base aliada, o ministro da Fazenda mandou um recado para o Senado, disse que a aprovação da Resolução 72, que cria uma alíquota única de ICMS para todos os estados, é uma prioridade e precisa ser votada. "Esse é um problema, o Brasil tem mercado consumidor, mas ele está sendo apropriado pelas importações", criticou Mantega.