O Estado de São Paulo, n. 45355, 21/12/2017. Política, p. A6.
'Não vou ser mais radical', afirma Lula
Ricardo Galhardo
21/12/2017
Na primeira entrevista coletiva à chamada grande imprensa depois de vários anos, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não quer mais ser visto como um “radical”. O petista, que pode ser impedido pela Justiça de concorrer à Presidência em 2018, defendeu alianças estaduais do PT com partidos que votaram a favor do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, disse que pretende dialogar com empresários “que ainda pensam no Brasil” e prometeu pacificar o País caso seja eleito pela terceira vez.
“Eu não vou ser mais radical. Estão dizendo que estou mais radical. Não tenho cara de radical nem o radicalismo fica bem em mim. Estou é mais sabido”, disse Lula, que recebeu 12 jornalistas para um café da manhã na sede do Instituto Lula. Segundo ele próprio, fazia “muito tempo” desde o último encontro. Para “matar a saudade”, Lula respondeu aos repórteres durante duas horas e meia.
Uma semana depois de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) marcar para o dia 24 de janeiro o julgamento que pode deixá-lo inelegível, o expresidente tentou demonstrar bom humor. “Eu não posso estar mal humorado porque sou corintiano e estou em primeiro lugar em todas as pesquisas.”
Em ao menos oito vezes ao longo da conversa Lula reiterou que é inocente e desafiou a Lava Jato a apresentar provas de que é dono do triplex no Guarujá. Ele disse ainda que não tem medo de ser preso, mas vai usar todos os recursos judiciais para garantir o direito de ser candidato. “Não quero passar para a história como um inocente condenado”, afirmou o petista. “A única chance que tenho é pedir provas. Não é possível que alguém seja dono de uma coisa que não é dono”, completou.
Condenado a 9 anos e 6 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula voltou a criticar a Lava Jato e disse não ter medo de ser preso. “Eu não penso. Não penso porque acho que preso só pode ir quem cometeu um crime.”
‘Empresários’. Crítico à onda de ódio que, segundo ele, tomou conta do debate político, Lula prometeu pacificar o País. “Estou convencido de que é possível ganhar as eleições e juntar um grupo de pessoas sérias neste País. Está cada vez mais difícil, mas é possível juntar empresários que ainda pensam neste País”, afirmou.
O ex-presidente também demonstrou pragmatismo ao falar das alianças que pretende fazer para garantir a governabilidade, caso volte ao Planalto. “Se você não tem (maioria) sozinho nem com seus aliados você tem que compor com quem está lá. E pode fazer acordos programáticos, não tem que fazer acordo toma lá dá cá”, disse Lula, citando como exemplo positivo a aliança com o PMDB do presidente Michel Temer.
Enquanto boa parte da base petista defende a aliança do partido apenas com legendas do campo da esquerda, Lula disse que a realidade local pode impor ao PT coligações pontuais com partidos que apoiaram o impeachment. “Acho que não deve se aliar com partido que apoiou o impeachment, mas essa coisa é muito teórica porque temos que saber a realidade de cada Estado. Como é que o (Fernando) Pimentel vai abrir mão lá em Minas do PMDB que defende ele o tempo inteiro. Então temos que ir caso por caso.”
‘Traição’. O figurino “paz e amor”, no entanto, ficou por aí. Questionado se perdoa os exaliados que ajudaram a derrubar Dilma, Lula demonstrou estar magoado, especialmente com o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido que ocupou dois ministérios no governo do PT.
“Eu sinceramente não posso aceitar que a Dilma tenha dado a força que deu para o Kassab e ele traí-la da forma mais vergonhosa como traiu. Não é nem o fato de trair. É o fato de não entregar uma carta para a Dilma. É o fato da mentira”, disse Lula.
Porém, segundo o ex-presidente, a mágoa se restringe a alguns integrantes da “alta direção” desses partidos. “Com estes caras não há porque fazer alianças. Mas o partido pode mudar a direção”, afirmou.
Além de grandes jornais brasileiros e estrangeiros, o encontro reuniu jornalistas de blogs e sites de esquerda. No final, Lula voltou a defender a regulação da mídia por meio de uma proposta elaborada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso.
Na primeira entrevista coletiva à chamada grande imprensa depois de vários anos, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não quer mais ser visto como um “radical”. O petista, que pode ser impedido pela Justiça de concorrer à Presidência em 2018, defendeu alianças estaduais do PT com partidos que votaram a favor do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, disse que pretende dialogar com empresários “que ainda pensam no Brasil” e prometeu pacificar o País caso seja eleito pela terceira vez.
“Eu não vou ser mais radical. Estão dizendo que estou mais radical. Não tenho cara de radical nem o radicalismo fica bem em mim. Estou é mais sabido”, disse Lula, que recebeu 12 jornalistas para um café da manhã na sede do Instituto Lula. Segundo ele próprio, fazia “muito tempo” desde o último encontro. Para “matar a saudade”, Lula respondeu aos repórteres durante duas horas e meia.
Uma semana depois de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) marcar para o dia 24 de janeiro o julgamento que pode deixá-lo inelegível, o expresidente tentou demonstrar bom humor. “Eu não posso estar mal humorado porque sou corintiano e estou em primeiro lugar em todas as pesquisas.”
Em ao menos oito vezes ao longo da conversa Lula reiterou que é inocente e desafiou a Lava Jato a apresentar provas de que é dono do triplex no Guarujá. Ele disse ainda que não tem medo de ser preso, mas vai usar todos os recursos judiciais para garantir o direito de ser candidato. “Não quero passar para a história como um inocente condenado”, afirmou o petista. “A única chance que tenho é pedir provas. Não é possível que alguém seja dono de uma coisa que não é dono”, completou.
Condenado a 9 anos e 6 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula voltou a criticar a Lava Jato e disse não ter medo de ser preso. “Eu não penso. Não penso porque acho que preso só pode ir quem cometeu um crime.”
‘Empresários’. Crítico à onda de ódio que, segundo ele, tomou conta do debate político, Lula prometeu pacificar o País. “Estou convencido de que é possível ganhar as eleições e juntar um grupo de pessoas sérias neste País. Está cada vez mais difícil, mas é possível juntar empresários que ainda pensam neste País”, afirmou.
O ex-presidente também demonstrou pragmatismo ao falar das alianças que pretende fazer para garantir a governabilidade, caso volte ao Planalto. “Se você não tem (maioria) sozinho nem com seus aliados você tem que compor com quem está lá. E pode fazer acordos programáticos, não tem que fazer acordo toma lá dá cá”, disse Lula, citando como exemplo positivo a aliança com o PMDB do presidente Michel Temer.
Enquanto boa parte da base petista defende a aliança do partido apenas com legendas do campo da esquerda, Lula disse que a realidade local pode impor ao PT coligações pontuais com partidos que apoiaram o impeachment. “Acho que não deve se aliar com partido que apoiou o impeachment, mas essa coisa é muito teórica porque temos que saber a realidade de cada Estado. Como é que o (Fernando) Pimentel vai abrir mão lá em Minas do PMDB que defende ele o tempo inteiro. Então temos que ir caso por caso.”
‘Traição’. O figurino “paz e amor”, no entanto, ficou por aí. Questionado se perdoa os exaliados que ajudaram a derrubar Dilma, Lula demonstrou estar magoado, especialmente com o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido que ocupou dois ministérios no governo do PT.
“Eu sinceramente não posso aceitar que a Dilma tenha dado a força que deu para o Kassab e ele traí-la da forma mais vergonhosa como traiu. Não é nem o fato de trair. É o fato de não entregar uma carta para a Dilma. É o fato da mentira”, disse Lula.
Porém, segundo o ex-presidente, a mágoa se restringe a alguns integrantes da “alta direção” desses partidos. “Com estes caras não há porque fazer alianças. Mas o partido pode mudar a direção”, afirmou.
Além de grandes jornais brasileiros e estrangeiros, o encontro reuniu jornalistas de blogs e sites de esquerda. No final, Lula voltou a defender a regulação da mídia por meio de uma proposta elaborada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso.
Ricardo Galhardo
Na primeira entrevista coletiva à chamada grande imprensa depois de vários anos, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não quer mais ser visto como um “radical”. O petista, que pode ser impedido pela Justiça de concorrer à Presidência em 2018, defendeu alianças estaduais do PT com partidos que votaram a favor do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, disse que pretende dialogar com empresários “que ainda pensam no Brasil” e prometeu pacificar o País caso seja eleito pela terceira vez.
“Eu não vou ser mais radical. Estão dizendo que estou mais radical. Não tenho cara de radical nem o radicalismo fica bem em mim. Estou é mais sabido”, disse Lula, que recebeu 12 jornalistas para um café da manhã na sede do Instituto Lula. Segundo ele próprio, fazia “muito tempo” desde o último encontro. Para “matar a saudade”, Lula respondeu aos repórteres durante duas horas e meia.
Uma semana depois de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) marcar para o dia 24 de janeiro o julgamento que pode deixá-lo inelegível, o expresidente tentou demonstrar bom humor. “Eu não posso estar mal humorado porque sou corintiano e estou em primeiro lugar em todas as pesquisas.”
Em ao menos oito vezes ao longo da conversa Lula reiterou que é inocente e desafiou a Lava Jato a apresentar provas de que é dono do triplex no Guarujá. Ele disse ainda que não tem medo de ser preso, mas vai usar todos os recursos judiciais para garantir o direito de ser candidato. “Não quero passar para a história como um inocente condenado”, afirmou o petista. “A única chance que tenho é pedir provas. Não é possível que alguém seja dono de uma coisa que não é dono”, completou.
Condenado a 9 anos e 6 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula voltou a criticar a Lava Jato e disse não ter medo de ser preso. “Eu não penso. Não penso porque acho que preso só pode ir quem cometeu um crime.”
‘Empresários’. Crítico à onda de ódio que, segundo ele, tomou conta do debate político, Lula prometeu pacificar o País. “Estou convencido de que é possível ganhar as eleições e juntar um grupo de pessoas sérias neste País. Está cada vez mais difícil, mas é possível juntar empresários que ainda pensam neste País”, afirmou.
O ex-presidente também demonstrou pragmatismo ao falar das alianças que pretende fazer para garantir a governabilidade, caso volte ao Planalto. “Se você não tem (maioria) sozinho nem com seus aliados você tem que compor com quem está lá. E pode fazer acordos programáticos, não tem que fazer acordo toma lá dá cá”, disse Lula, citando como exemplo positivo a aliança com o PMDB do presidente Michel Temer.
Enquanto boa parte da base petista defende a aliança do partido apenas com legendas do campo da esquerda, Lula disse que a realidade local pode impor ao PT coligações pontuais com partidos que apoiaram o impeachment. “Acho que não deve se aliar com partido que apoiou o impeachment, mas essa coisa é muito teórica porque temos que saber a realidade de cada Estado. Como é que o (Fernando) Pimentel vai abrir mão lá em Minas do PMDB que defende ele o tempo inteiro. Então temos que ir caso por caso.”
‘Traição’. O figurino “paz e amor”, no entanto, ficou por aí. Questionado se perdoa os exaliados que ajudaram a derrubar Dilma, Lula demonstrou estar magoado, especialmente com o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido que ocupou dois ministérios no governo do PT.
“Eu sinceramente não posso aceitar que a Dilma tenha dado a força que deu para o Kassab e ele traí-la da forma mais vergonhosa como traiu. Não é nem o fato de trair. É o fato de não entregar uma carta para a Dilma. É o fato da mentira”, disse Lula.
Porém, segundo o ex-presidente, a mágoa se restringe a alguns integrantes da “alta direção” desses partidos. “Com estes caras não há porque fazer alianças. Mas o partido pode mudar a direção”, afirmou.
Além de grandes jornais brasileiros e estrangeiros, o encontro reuniu jornalistas de blogs e sites de esquerda. No final, Lula voltou a defender a regulação da mídia por meio de uma proposta elaborada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso.
Coletiva. Ex-presidente Lula recebeu um grupo de jornalistas para um café da manhã na sede do Instituto Lula em SP
OS PROCESSOS
Condenação
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de prisão no caso triplex do Guarujá (SP).
Réu
O petista é réu em seis ações penais e denunciado em outros dois casos.
Investigação
Lula é alvo de seis procedimentos de investigação criminal abertos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal em Curitiba, São Paulo e Brasília.
Gilberto Amendola
21/12/2017
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) deve anunciar até o dia 5 de janeiro que não será mais pré-candidato a presidente pelo PEN/Patriota. A decisão foi tomada ontem em reunião com o chamado núcleo duro da campanha de Bolsonaro, em Brasília. Deputados e correligionários dizem que o presidente da sigla, Adilson Barroso, não teria cumprido com a sua palavra de ceder o controle do partido em Estados-chave para o grupo do parlamentar.
Conforme a Coluna do Estadão adiantou, o deputado já iniciou conversas com o PSL/Livres e o PR. A decisão final sobre o ingresso a uma nova sigla só deve ser tomada em março.
Procurado pela reportagem, Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto. Em entrevista ao site Crítica Nacional, que tem apoiado abertamente a candidatura do parlamentar, o deputado disse que “estava noivo do Patriota, mas voltou à situação de namoro”. “O projeto não foi sepultado, mas recuamos bastante”, afirmou.
A posição ainda não é oficial porque faltam alguns acertos com membros da executiva do PEN/Patriota no Rio – colocados lá pelo próprio Bolsonaro. Fontes próximas ao deputado falam em 90% de chances do “projeto Patriota ser abortado”. A insatisfação teria como principal ponto a promessa não cumprida de Barroso em ceder o controle da legenda em alguns Estados-chave, como Minas Gerais. Por outro lado, o grupo mais ligado a Barroso no partido diz que vazamento sobre a “saída” é uma tática na disputa pelo controle dos espaços que hoje estão sendo “requisitados pelo grupo de Bolsonaro”.
Compromisso. O deputado não é oficialmente filiado ao PEN/Patriota. De saída de seu atual partido, o PSC, o presidenciável apenas assinou um compromisso de filiação para o mês de março. Entretanto, as conversas de Bolsonaro com outras legendas nunca foram interrompidas. A questão é que as duas opções, PR e PSL/Livres, colocadas na mesa pelo próprio Bolsonaro, não parecem muito dispostas a fechar uma parceria. No PR, a hipótese de Bolsonaro é tratada como “boato”. Já o PSL/Livres confirma que foi procurado pelo pré-candidato, mas diz que “o projeto dele seria incompatível com o Livres”.
O presidente do PEN/Patriota, Adilson Barroso, se mostrou irritado e disse não acreditar que essa fosse uma decisão vinda do próprio Bolsonaro, mas, de pessoas do entorno do deputado. “Ele ainda não me ligou para comunicar nada. Se isso acontecer, eu digo que não entendo a mente dele”, afirmou Barroso. “Tudo o que foi pedido eu cedi. Mudei até o nome do partido e cheguei a perder 80% da minha base por ele”, disse.
Projeto. Bolsonaro disse que ‘voltou à situação de namoro’
Sem entender
“(Bolsonaro) ainda não me ligou para comunicar nada. Se isso acontecer, digo que não entendo a mente dele.”
Adilson Barroso
PRESIDENTE DO PEN/PATRIOTA