Título: Dilma pressiona por mais crédito
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2012, Economia, p. 10

Durante reunião com os principais empresários do país e representantes do setor produtivo, a presidente Dilma Rousseff intimou os bancos privados a participar do processo de retomada do crescimento econômico. De maneira "cordial", como Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, classificou o encontro, a presidente deixou claro que quer os bancos engajados na redução de spreads (diferença entre o que a instituição paga para captar e o que ela cobra para emprestar) e de juros para ajudar a impulsionar a economia do país.

Na visão da presidente e da equipe econômica, em um cenário de baixo crescimento global e doméstico, é fundamental que o custo dos financiamentos caia. Por isso, ordenou ao Banco do Brasil e à Caixa que reduzam os juros das suas operações para obrigar o setor privado a também baixar custos para o consumidor. Dois motivos baseiam a posição do Palácio do Planalto: primeiro, uma melhora do crédito ajudaria o brasileiro a reorganizar as contas e diminuir a inadimplência; segundo, o restabelecimento desse canal fortaleceria a política monetária e a tornaria mais influente sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país).

Segundo técnicos do governo, o crédito foi fundamental na recuperação do país após a crise de 2008, porém, ficou bastante desgastado com a inadimplência que se formou nos anos seguintes, entre 2009 e 2010, e que perdura até hoje. Agora, Dilma sonha mais uma vez, por meio dos financiamentos e empréstimos, fazer do consumo um impulso para a economia. É consenso no governo que o volume de mal pagadores vai cair nos próximos meses e que, no início de 2013, a taxa deve estacionar em um patamar mais confortável para as instituições financeiras. A equipe econômica também está convencida de que os empréstimos feitos no último ano foram mais conservadores e de menos risco do que as operações realizadas no auge da crise de 2008/2009, o que deve proporcionar também uma redução do calote.

A presidente tentou passar esse otimismo com a economia para os banqueiros presentes no encontro, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco; Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Roberto Setúbal, presidente do Itaú Unibanco; e André Esteves, presidente do BTG Pactual e sócio da Caixa Econômica Federal no banco Pan Americano. Eles, entretanto, não teriam firmado acordo com Dilma, mas acenaram positivamente ao pleito da presidente e do empresariado reunido no local.

A ciranda da dívida A Dívida Pública Federal registrou elevação entre janeiro e fevereiro. Segundo dados do Tesouro Nacional, o avanço foi de 1,94% no mês, o que levou a conta para R$ 1,836 trilhão. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna também cresceu, bateu em R$ 1,760 trilhão depois de um incremento de 2,08%. A parcela da dívida formada por títulos corrigidos pela taxa básica de juros (Selic) caiu de 31,62% em janeiro para 27,84% em fevereiro. A corrigida por índices de preços cresceu de 29,92% para 31,36% e a de títulos prefixados passou de 35,17% para 36,79%.

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