Título: Bolsas desabam no mundo
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Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2012, Economia, p. 12
Notícias negativas da Europa e da China derrubam os preços das ações. No Brasil, a Bovespa cede pelo terceiro dia seguido
As notícias negativas da Zona do Euro, com analistas apontando que a Espanha pode ser o próximo país a enfrentar sérias dificuldades a exemplo do que ocorre hoje com Portugal e, de forma mais severa, com a Grécia, levaram instabilidade ontem às bolsas. O clima que se agravou com a divulgação de indicadores negativos da China. Resultado: as bolsas européias fecharam em queda. A Bovespa acompanhou o movimento de retração pelo terceiro dia consecutivo, recuando 1,54%, aos 65 828,19 pontos. Foi a menor pontuação desde o último dia 6.
Vale e Petrobras puxaram o indicador para baixo. A mineradora é a maior exportadora de minério de ferro para a China e qualquer dado negativo naquele país afeta seus papéis. Já as ações da Petrobras acompanharam as previsões de queda no preço do barril do petróleo face à desaceleração do crescimento no mercado global e ao clima de recessão que toma conta da Europa. Os indicadores do enfraquecimento da atividade manufatureira chinesa são reflexo das medidas adotadas por diversos países, a exemplo do Brasil, para preservar a competitividade dos seus produtos face à cotação baixa do yuan (a moeda chinesa) frente ao dólar. A retração na China compromete sobretudo o mercado de commodities.
Na Espanha, o clima é de expectativas. Sucessivos apertos fiscais têm comprometido a estabilidade política, no entanto, analistas ainda apostam que os espanhóis conseguiram dar um olé na crise, mas entendem que a situação é delicada e acompanham de perto o desenrolar dos fatos políticos e econômicos, especialmente os indicadores de atividade industrial e emprego.
Nem a boa notícia de que os pedidos novos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos atingiram a mínima de quatro anos na semana passada, de acordo com relatório do Departamento do Trabalho divulgado ontem, serviram de estímulo ao mercado financeiro. No jargão do mercado, segurar o touro e impedir estrago. Por sua força, o animal é símbolo de Wall Street.
Reforço Um relatório separado mostrou que o indicador de atividade econômica futura nos EUA aumentou solidamente em fevereiro, apontando para um reforço no crescimento mesmo com a desaceleração chinesa. A preliminar do índice dos gerentes de compras (PMI) da China calculado pelo HSBC caiu para 48,1, registrando o quinto mês seguido de contração do setor, ante 49,6 na divulgação final de fevereiro. O índice de novas encomendas recuou para 46,2, mínima desde novembro de 2011.
Em contrapartida ao movimento de queda das bolsas, o índice Nikkei, de Tóquio, fechou em alta de 0,40%. Dados do Ministério das Finanças do país mostraram o primeiro superavit comercial em cinco meses em fevereiro, quando o saldo comercial foi de 32,9 bilhões de ienes (393 milhões de dólares). A previsão era de deficit de 120 bilhões de ienes. Um alívio em dia de fracas notícias.
Protesto em Portugal
Uma greve contra as medidas de austeridade e reformas trabalhistas em Portugal ontem suspendeu a circulação de trens, fechou portos e paralisou a maior parte do transporte público do país em reação às exigências da União Europeia e do FMI para conceder a Portugal um resgate financeiro de 78 bilhões de euros (US$ 103 bilhões). Os grevistas entraram em conflito com a polícia em diversos pontos da capital. Um dia antes, Lisboa amanheceu coberta de cartazes dos manifestantes em defesa de direitos trabalhistas. Apesar dos distúrbios, o chefe de dívida soberana da Standard & Poor"s (S&P) para a Europa, Moritz Kraemer, disse que uma reestruturação da dívida portuguesa pode ser evitada, uma vez que o seu nível é mais baixo que o da Grécia. Segundo ele, Portugal tem mostrado mais capacidade para fazer as reformas.
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