O Estado de São Paulo, n. 45350, 16/12/2017. Política, p. A12.

 

Marun diz que será 'soldado' de Temer

Carla Araújo / Felipe Frazão / Idiana Tomazelli

16/12/2017

 

 

Em uma cerimônia prestigiada por ministros e parentes, o peemedebista Carlos Marun assumiu ontem a Secretaria de Governo com a promessa de apoio incondicional ao presidente Michel Temer e empenho para contemplar as demandas da base aliada.

Conhecido por ser da tropa de choque do governo e também um ferrenho aliado do expresidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista disse em seu discurso de posse que será um “soldado” de Temer. “Serei e sou a partir deste momento um soldado sob o vosso comando”, afirmou.

Agora como titular da articulação política do Palácio do Planalto, Marun disse que a pasta deve ter estrutura para equacionar reivindicações da base aliada. “Quero estabelecer um diálogo mais aberto com parlamentares. Temos de ter estrutura para receber os parlamentares e equacionar as demandas com menos dificuldades”, afirmou.

Para tentar aprovar a reforma da Previdência, o governo tem negociado uma série de demandas de parlamentares, até mesmo o pagamento mais célere de emendas. Esses recursos são importantes para deputados e senadores porque são direcionados às suas bases eleitorais e se transformam em capital político – principalmente em ano de campanha, como será 2018.

Temer disse que Marun será um “gigante” a favor da reforma. Ele pediu que o novo ministro dedique dia e noite ao assunto. “Você tem energia para isso”, disse o presidente, que veio para a cerimônia de posse logo depois de receber alta em São Paulo.

Bem-humorado, o presidente avisou Marun para preparar “coração para as coisas que eu vou lhe contar”, ao se referir às tarefas do cargo. “Nós já vínhamos contando com a energia e a determinação do Marun na Câmara dos Deputados”, disse.

A posse de Marun já havia sido adiada duas vezes. A cerimônia foi transferida porque o presidente permaneceu internado após ter sido submetido a uma intervenção urológica, realizada em São Paulo.

Deputado federal de primeiro mandato, Marun disse que abriu mão de disputar a reeleição para se tornar ministro.

 

Desconforto. O ex-ministro Antônio Imbassahy protagonizou um momento que gerou certo desconforto na plateia ao mencionar a necessidade de o presidente Temer colocar stents por problemas cardíacos. Ele disse aliviado por sair do cargo com o coração em bom estado e que nem mesmo Michel Temer, “homem de bom coração”, conseguiu ficar com a saúde imune em tal ritmo de trabalho e precisou colocar stents.

Em uma cerimônia prestigiada por ministros e parentes, o peemedebista Carlos Marun assumiu ontem a Secretaria de Governo com a promessa de apoio incondicional ao presidente Michel Temer e empenho para contemplar as demandas da base aliada.

Conhecido por ser da tropa de choque do governo e também um ferrenho aliado do expresidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista disse em seu discurso de posse que será um “soldado” de Temer. “Serei e sou a partir deste momento um soldado sob o vosso comando”, afirmou.

Agora como titular da articulação política do Palácio do Planalto, Marun disse que a pasta deve ter estrutura para equacionar reivindicações da base aliada. “Quero estabelecer um diálogo mais aberto com parlamentares. Temos de ter estrutura para receber os parlamentares e equacionar as demandas com menos dificuldades”, afirmou.

Para tentar aprovar a reforma da Previdência, o governo tem negociado uma série de demandas de parlamentares, até mesmo o pagamento mais célere de emendas. Esses recursos são importantes para deputados e senadores porque são direcionados às suas bases eleitorais e se transformam em capital político – principalmente em ano de campanha, como será 2018.

Temer disse que Marun será um “gigante” a favor da reforma. Ele pediu que o novo ministro dedique dia e noite ao assunto. “Você tem energia para isso”, disse o presidente, que veio para a cerimônia de posse logo depois de receber alta em São Paulo.

Bem-humorado, o presidente avisou Marun para preparar “coração para as coisas que eu vou lhe contar”, ao se referir às tarefas do cargo. “Nós já vínhamos contando com a energia e a determinação do Marun na Câmara dos Deputados”, disse.

A posse de Marun já havia sido adiada duas vezes. A cerimônia foi transferida porque o presidente permaneceu internado após ter sido submetido a uma intervenção urológica, realizada em São Paulo.

Deputado federal de primeiro mandato, Marun disse que abriu mão de disputar a reeleição para se tornar ministro.

Desconforto. O ex-ministro Antônio Imbassahy protagonizou um momento que gerou certo desconforto na plateia ao mencionar a necessidade de o presidente Temer colocar stents por problemas cardíacos. Ele disse aliviado por sair do cargo com o coração em bom estado e que nem mesmo Michel Temer, “homem de bom coração”, conseguiu ficar com a saúde imune em tal ritmo de trabalho e precisou colocar stents.

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Um ministro da ‘tropa de choque’ que já chega réu ao governo

Luiz Maklouf Carvalho

16/12/2017

 

 

Carlos Marun (PMDB-MS), quando assumiu ontem, como previsto, a secretaria de Governo do presidente Michel Temer. Relator da CPI Mista da JBS e defensor de primeira hora do presidente da República, Marun está sendo processado por ação civil de improbidade administrativa quando ex-presidente da Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab) no governo peemedebista de André Puccinelli (2007-2014).

Em denúncia do Ministério Público Estadual, aceita pela Justiça, o agora ministro é acusado, com outros treze réus, por causar lesão ao erário público em valores estimados em R$ 16,6 milhões. “Estou me defendendo, e tenho certeza de que o processo resultará na minha absolvição”, disse o deputado quando o Estado o ouviu a respeito, em setembro passado.

O processo – número 081995520.2013.8.12.0001 – tramita, desde junho de 2013, na 1.ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Justiça de Mato Grosso do Sul. Está, no momento, com a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna. Sua mais recente movimentação ocorreu em 1.º de dezembro passado. Os réus – Carlos Eduardo Xavier Marun, Agehab, a empresa Dighito Brasil, e outros onze denunciados – já contestaram a denúncia. A defesa de Marun foi entregue em 6 de março último. Seus advogados, do Escritório Paulo Tadeu Haendchen, refutam as acusações e pedem a total improcedência da ação. Os demais réus também, por seus respectivos advogados.

Em junho de 2013, o Ministério Público Estadual, com a assinatura do promotor Fabrício Proença de Azambuja, denunciou a Agehab por “agir de má-fé” ao descumprir um termo de ajustamento de conduta que mandava realizar concurso público para preenchimento dos cargos – e “a privilegiar e empresa Dighito com contratos milionários” de terceirização. Segundo a denúncia, os contratos e os aditivos entre a Agehab e a Dighito, constantes nos autos, “movimentaram a quantia de R$ 16.644.202,00”.

“A Agehab tem desrespeitado o princípio do concurso público, se valendo de terceirizações irregulares para suprir a falta de servidores públicos concursados”, diz a denúncia do MP. “Os diretores da Agehab e os sócios da empresa Dighito também incorreram em ato de improbidade que causa prejuízo ao erário, pois se verifica que os contratos celebrados entre a empresa e a Agehab foram superfaturados, e tiveram aumentos mais do que generosos ao longo dos anos, com a nítida intenção de causar prejuízo ao Estado de Mato Grosso do Sul e beneficiar a empresa Dighito e seus sócios.”

Além de sua atuação como presidente da Agehab, Marun é responsabilizado, especificamente, por dois termos aditivos que prorrogaram o contrato por 12 meses, “constando em todos eles reajustes abusivos, em especial o Termo Aditivo Nº. 02/10, em que a parcela mensal em favor da empresa Dighito passou de R$ 199.463,42 para R$ 248.863,42, sem nenhum acréscimo de serviços ou atividades extras”.

Diz a denúncia: “Essas pessoas (Marun e outros dirigentes da Agehab), ao invés de zelar pelo patrimônio público, contribuíram de forma decisiva para a dilapidação do erário público, pois possuíam o poder de gestão da autarquia, e optaram por celebrar contratos e aditivos que tinham como finalidade beneficiar a empresa Dighito, que se enriqueceu às custas dos mencionados contratos”.

Na defesa da Dighito, o advogado Ronaldo de Souza Franco argumenta que “a Dighito e seus sócios não praticaram nenhuma conduta dolosa para enquadramento na Lei de Improbidade Administrativa”. A defesa de Marun, por seus advogados, argui que ele “não merece ser condenado, eis que não houve dolo na conduta do secretário de Estado de Habitação, nem dano ao erário público, elementos indispensáveis para a configuração da improbidade administrativa”.

A Justiça é que vai decidir.