O Estado de São Paulo, n. 45360, 26/12/2017. Política, p.A5
Breno Pires / BRASÍLIA
A leitura de uma carta de um neto foi um dos poucos contatos do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) com sua família durante a celebração de Natal. Desde sexta-feira, ele está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP), do Complexo da Papuda, em Brasília, para cumprir pena por lavagem de dinheiro, referente a desvios de recursos em obras públicas quando esteve à frente da Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e 1996.
“Ele ficou absolutamente emocionado”, disse o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que leu a carta para o cliente. O criminalista contou que o ex-prefeito não teve permissão para ficar com a carta. A defesa também transmitiu mensagens de apoio de filhos, outros netos e bisnetos.
Na noite de anteontem, o cardápio da ceia de Maluf foi arroz com passas, tutu de feijão, carne assada e batata, como os demais presos do CDP. O almoço de ontem foi arroz colorido, feijão, frango assado e purê de cenoura. Nas duas refeições, havia suco de frutas. Advogados se revezaram nas visitas a Maluf. Segundo Kakay, o deputado tem sofrido com as más condições de saúde – de acordo com a defesa, ele está com câncer e hoje deve passar por perícia médica (mais informações nesta página). O criminalista afirmou que Maluf tem necessitado da ajuda dos colegas de cela – cerca de quatro – para ir ao banheiro.
“Ele está sendo bem tratado na Papuda, e não tem reclamação nem da direção, nem de seus colegas de sala, nem de tratamento das pessoas que tomam conta dele. A questão é ver o que vai acontecer, se ele resistirá”, disse Kakay.
Para haver a visita de parentes, é necessário concluir um cadastro de pessoas na lista de cada detento, processo que leva alguns dias.
Maluf foi condenado em maio pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão.
Luiz Vassallo
O juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal Bruno Macacari pode decidir hoje se o deputado Paulo Maluf (PP-SP) vai permanecer no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, ou se ficará em prisão domiciliar. Na sexta-feira, o magistrado negou liminarmente pedido da defesa para que o exprefeito de São Paulo (19931996) fosse transferido para regime domiciliar, mas impôs para hoje o prazo de entrega de laudos sobre seu estado de saúde.
“Ressalto a possibilidade de revisão da decisão, mormente após a juntada do laudo de perícia médica a ser elaborado pelo Instituto Médico-Legal (IML), e, principalmente, das informações a serem prestadas pela equipe médica com atuação no CDP (Centro de Detenção Provisória da Papuda)”, disse Macacari.
A defesa de Maluf pediu à Justiça para que o deputado cumprisse pena em regime domiciliar sob alegação de idade avançada do ex-prefeito – 86 anos – e problemas de saúde. Maluf está condenado a cumprir pena de 7 anos, 9 meses e 10 dias por crime de lavagem de dinheiro.
O deputado foi preso na quarta-feira passada, em São Paulo, após determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Na sexta-feira, foi transferido para a Papuda.
ELIANE CANTANHÊDE A colunista está em férias e volta no dia 29 de dezembro