Título: Sem respostas
Autor: Franco, Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 31/03/2012, Politica, p. 2

Sem respostas

Investigações focarão casos de violações dos direitos humanos pela ditadura, como os mortos e desaparecidos abaixo

Rubens Paiva, 1971 Deputado federal por São Paulo, Paiva (foto) teve o mandato cassado logo após o golpe. Depois de nove meses no exílio, voltou ao Brasil. Em 20 de janeiro de 1971, foi capturado pelos militares em seu apartamento. Seu corpo nunca apareceu. A versão oficial é de que foi sequestrado por um grupo armado, quando estava sendo transportado para o Centro de Operações de Defesa Interna, dias após ser preso.

Stuart Angel, 1971 Filho da estilista Zuzu Angel, participou ativamente da luta armada, integrando o MR-8, organização contrarrevolucionária. Foi preso em 14 de junho de 1971, no bairro do Grajaú, Zona Norte do Rio, e levado para a base aérea do Aeroporto do Galeão. Recusou-se a dar informações que levassem os militares a Carlos Lamarca e foi torturado até a morte.

Honestino Guimarães, 1973 O brasiliense (foto) era militante político e foi presidente do diretório acadêmico de geologia da UnB durante a ditadura. Vivendo na clandestinidade, mudou-se para o Rio de Janeiro e acabou preso em 10 de outubro de 1973. Suspeita-se que, depois de capturado, foi transferido para o Pelotão de Investigações Criminais da capital, onde teria sido morto. Sua família jamais conseguiu localizar seu corpo.

Maurício Grabois, 1973 Diretor do Partido Comunista, o baiano (foto) estudou em colégio militar, no Rio de Janeiro. Era defensor radical da luta armada. Comandou a Guerrilha do Araguaia no Pará e morreu em um confronto contra homens do Exército, em 25 de dezembro de 1973. O instituto mantido pela PCdoB, partido que ele ajudou a fundar, leva o nome de Grabois.

Vladimir Herzog, 1975 Jornalista e militante do Partido Comunista, Herzog foi executado dentro das instalações do DOI-Codi, em São Paulo. Dias depois, os militares divulgaram uma foto com o corpo enforcado em um cinto, amarrado à grade da cela, na tentativa de sustentar que ele havia se matado. As pernas dobradas dele, no entanto, impossibilitaria o suicídio por enforcamento. Herzog fora preso em 24 de outubro de 1975.

Manuel Fiel Filho, 1976 O metalúrgico morreu no II Exército de São Paulo, em 16 de janeiro de 1976, mesmo dia em que foi preso, sob acusação de integrar o Partido Comunista. Assim como ocorreu com Herzog, os militares informaram que ele havia se enforcado na cela com uma meia. O corpo de Fiel Filho tinha diversas marcas de tortura.