O Estado de São Paulo, n. 45340, 06/12/2017. Economia, p. B3.

 

'Efeito manada' pode garantir votos a favor

Idiana Tomazelli / Igor Gadelha

06/12/2017

 

 

Avaliação do governo é que parlamentares só aceitam votar pela reforma se vitória for garantida; em troca, cobram ampliação do fundo eleitoral

 

 

As negociações para tentar aprovar a reforma da Previdência vão além do discurso oficial de formar um “pacto” entre partidos da base aliada para garantir os 308 votos necessários. De olho nas eleições em 2018, parlamentares pressionam o governo a abrir os cofres e engordar o orçamento do fundo eleitoral, que vai bancar as campanhas no ano que vem e conta até agora com R$ 1,75 bilhão garantidos pela lei.

Como resposta aos gestos nos bastidores, o governo espera que partidos de peso na base aliada obriguem seus parlamentares a votarem pela aprovação da reforma da Previdência – o chamado “fechamento de questão” no jargão político. A aposta é no “efeito manada”, de acordo com fonte do governo. A avaliação é que deputados aliados estão convencidos da necessidade da reforma, mas só topam carimbar seus nomes junto ao “sim” se tiverem segurança da vitória. O fechamento de questão seria fundamental para dar esse “conforto” à votação.

A preocupação dos parlamentares é evitar o desgaste desnecessário que seria colar suas imagens a uma proposta impopular como a reforma da Previdência sem que ela vá adiante. Segundo a fonte do governo, o fechamento de questão que está sendo discutido pelos partidos da base pode ser “um ponto de inflexão” capaz de provocar esse contágio favorável.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o incremento no fundo eleitoral foi discutido no jantar do último domingo com a presença de lideranças partidárias e do presidente Michel Temer. A definição do valor do fundo eleitoral precisa ser feita ainda este ano para viabilizar a votação do Orçamento de 2018 até o fim de dezembro – prazo que o governo almeja também para aprovar a reforma da Previdência na Câmara.

 

Fechamento de questão. Dois partidos da base – PP e PRB, que juntos têm 68 deputados – convocaram ontem reuniões de suas diretorias executivas. Havia a expectativa de que eles anunciassem o fechamento de questão a favor da reforma, o que acabou não ocorrendo. A pressão da base aliada é para que o PMDB, partido do presidente Michel Temer e que tem a maior bancada na Câmara (60 deputados), tome a dianteira nesse processo. “O PMDB tem que dar o exemplo”, defendeu o relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).

O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), sinalizou que a “maioria absoluta” da bancada na Câmara é favorável à proposta e, por isso, encaminhou à executiva nacional do partido o pedido para fechamento de questão. A reunião para bater o martelo deve acontecer até quinta-feira (7).

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, avaliou que “cresceu consideravelmente” a chance de aprovação da reforma. /COLABOROU CARLA ARAÚJO

 

Sem fundo

R$ 1,75 bi

é quanto a lei já garante para o fundo eleitoral no ano que vem, mas parlamentares querem mais